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Confessionário móvel e bênção por e-mail, a Igreja se moderniza

arn/er/rw27 de fevereiro de 2005

Assistência espiritual da Igreja usa cada vez mais recursos técnicos modernos: seja através do debate com fiéis em chats na internet ou confissões anônimas por e-mail. Caso também do confessionário sobre rodas.

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Fila diante do confessionário móvelFoto: Kirche in Not/Ostpriesterhilfe

"Escrever é mais difícil do que telefonar", explica Krishan Johanssen, da equipe que presta orientação espiritual na Igreja Católica de Stuttgart. O pedagogo de 49 anos dá conselhos e orientações pela internet há dois anos. Este serviço sofreu uma procura muito grande nos últimos tempos, com uma média de 70 consultas diárias, disse Johanssen. "Algumas vezes, o problema está resolvido com um e-mail, mas há casos em que são necessárias 30 mensagens", conta o religioso, que às vezes também participa de chats, ou seja, diálogos na internet.

Desde o ano passado, também as Igrejas Evangélicas Luteranas da Renânia e de Hannover oferecem apoio espiritual através da internet, seja por e-mail ou por chats. Deste serviço, participam 39 teólogos, sendo que grupos de até quatro revezam-se às segundas, quartas e domingos das 20 às 22 horas. O serviço, aliás, é usado por pessoas de todas as idades. Serviços semelhantes são oferecidos também pelas organizações religiosas Caritas e Diakonie.

"Entre os 25 a 35 participantes nos três dias da semana, há gente de 16 a 70 anos", afirma Diemo Roller, diretor do projeto. Os principais temas discutidos são solidão, amizades, profissão ou fé. Quem quiser, pode usar um recurso mais pessoal, que é a conversa apenas com um interlocutor numa "sala virtual".

Frau schaut auf eine Kirche
Fiéis cada vez mais distantes da Igreja?Foto: BilderBox

Neste tempo todo em que já está sendo praticada, a experiência mostra que é muito bem aceita pelos usuários a possibilidade de consultar alguém ou trocar idéias no anonimato sobre problemas que os afligem, ressalta.

Únicaou últimasaída

Temas freqüentes nos chats são, também, a violência sexual, crises conjugais ou problemas no emprego. A maioria das pessoas que buscam aconselhamento espiritual na internet são jovens, entre 15 e 25 anos, que jamais iriam a uma igreja para pedir este tipo de orientação.

"Muitos dos que nos escrevem estão numa situação tão ruim que não têm coragem nem de telefonar para a gente", conta Johanssen. Como exemplo, ele narra o caso de uma garota vítima de violência sexual na família. Ela não consegue pronunciar o que a aflige, mas consegue fazê-lo escrevendo.

Muitos optam por este serviço pela discrição e a anonimidade garantidas. As consultas são respondidas em 24 horas, sem que o teólogo possa ver o nome do consultor ou seu endereço eletrônico.

Não tão famoso como o papamóvel

Convencido da importância da confissão e movido pelo lema "Se Maomé não vai à montanha...", um padre alemão resolveu pôr-se literalmente em movimento atrás de suas ovelhas. Hermann-Josef Hubka, de 46 anos, estreou em março do ano passado o seu confessionário sobre rodas. Trata-se de um veículo parecido com um motor home, com algumas adaptações.

Beichtmobil von innen nur Tisch
Confessionário sobre rodas: mesa e cadeiras bastamFoto: Kirche in Not/Ostpriesterhilfe

Com o passar do tempo, o padre Hubka tornou-se uma verdadeira atração nos lugares por que passa. As confissões, gratuitas, são feitas a portas fechadas. O reverendo já perdeu a conta dos fiéis que recebeu, mas considerando-se o número de rosários que lhe foram dados de presente, devem ter sido várias centenas.

A iniciativa já chamou a atenção da mídia. A revista feminina Bunte, por exemplo, incluiu como "in" o confessionário móvel em sua tradicional lista de tendências atuais ou fora de moda (out). A idéia, entretanto, não é tão nova. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, com as cidades e igrejas destruídas, os religiosos também iam até os fiéis em veículos sobre rodas.

Hoje, em pleno século 21, serve de incentivo para reintroduzir o costume da confissão que, inclusive em países tradicionalmente católicos como a Itália, é praticado por somente 20% dos fiéis.