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Conflito já é muito antigo

ef26 de outubro de 2002

Este não foi o primeiro seqüestro em massa feito por rebeldes chechenos na tentativa de forçar concessões da Rússia no conflito que remonta ao tempo dos czares.

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Separatistas chechenos estão prontos para morrer pela sua causaFoto: AP

A maioria das ações terrroristas anteriores terminou com banhos de sangue. Em 1995, um comando de separatistas comandado pelo líder Shamil Bassayev ocupou um hospital da cidade russa Budjonnovski e fez mais de mil reféns. Tropas russas tentaram duas vezes, em vão, tomar o prédio de assalto. Morreram mais de cem pessoas. No final, as forças de segurança e Bassayev chegaram a um acordo.

Um ano depois, combatentes chechenos ocuparam outro hospital em Kisliar, no sul da Rússia, fazendo centenas de reféns. 78 pessoas morreram na troca com as forças de segurança.

Seqüestros em massa também aconteceram no exterior, principalmente na Turquia. Em 1991, quatro piratas chechenos desviaram um avião russo de passageiros para Ancara com o propósito anunciado de protestar contra a destruição de sua pátria pela Rússia. Em 1996, chechenos armados tomaram um barco com 424 pessoas a bordo, no porto turco de Trabzon, e renderam-se quatro dias depois.

Russische Soldaten in Tschetschenien bei Grosny
Bunker russo a 20 km da capital chechena, em 1996Foto: AP

Em abril do ano passado, 20 homens armados invadiram um hotel de luxo em Istambul, tomaram mais de 20 pessoas como reféns e renderam-se depois de um conversa com o ministro turco do Interior. A segunda guerra na Chechênia começou após a explosão de prédios residenciais em Moscou, em 1999.

Guerra esquecida

Comandos chechenos sempre recorrem a essas ações para chamar a atenção da opinião pública para o seu país. Oficialmente, já acabou a segunda guerra na Chechênia, iniciada em 7 de agosto de 1999. No início de 2000, o governo russo declarou o conflito encerrado. Desde então, Moscou qualifica a sua presença militar na república do Cáucaso como medida de combate ao terrorismo.

Os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos ofereceram uma boa oportunidade para o Kremlin justificar sua guerra na Chechênia como "uma causa justa". Washington fecha os olhos por gratidão à solidariedade russa na luta antiterror.

Como jornalistas são proibidos de entrar na Chechênia, as informações sobre a guerra são contraditórias. Observadores independentes calculam que continuam estacionados lá 200 mil soldados russos e forças de segurança. Moscou diz que são 95 mil. Segundo o Comitê das Mães Russas, já tombaram dez mil soldados e cerca de 25 mil ficaram feridos. Moscou, ao contrário, fala de 4200 soldados e 13.500 chechenos mortos nos últimos três anos.

Herança dos czares

Tudo começou no tempos dos czares, quando as grandes potências asseguraram as esferas de sua influência e Moscou conseguiu conquistar o Cáucaso e dominar a sua população de muitos e pequenos povos.

Frauen in Tschetschenien
Mulheres e crianças, quem sofre é a populaçãoFoto: AP

Os inimigos na época ainda eram a Grã-Bretanha, que dominava a Pérsia, e o Império Otomano, o predecessor da Turquia. Mais tarde, o poder dos czares passou para os comunistas, que continuaram a agir no Cáucaso com mão de ferro.

Máfia substitui comunistas

Após o fim da União Soviética, diversos clãs financeiros entraram no programa dos ex-comunistas e enriqueceram no tempo da privatização. A Chechênia foi usada como máquina de lavagem de dinheiro, porque lá não existia aduana nem controle econômico e, com ajuda de funcionários corruptos, se podia fazer grandes negócios.

O novo conflito começou quando o líder checheno Djohar Dudayev não quis mais dividir os lucros com os clãs financeiros russos. Este foi o real motivo da primeira guerra contra a Tchechênia, entre 1994 e 1996.