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Êxodo no Quirguistão

18 de junho de 2010

Segundo o governo provisório do Quirguistão, o número de mortos durante os confrontos no país na última semana é bem maior do que se sabia até então. Centenas de milhares de pessoas buscam refúgio no Uzbequistão.

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Minoria uzbeque foge em massa do QuirguistãoFoto: AP

O número de vítimas dos recentes confrontos no Quirguistão pode ser até dez vezes maior do que o estimado até então, comunicou o governo provisório do país. Muitos mortos estão sendo enterrados ainda antes do pôr-do-sol, seguindo um costume local, o que dificulta registrar com exatidão a quantidade de vítimas, declarou a primeira-ministra interina, Rosa Otunbayeva, ao diário russo Kommersant, nesta sexta-feira (18/06).

Segundo Otunbayeva, o número oficial de 191 mortos deverá ser multiplicado por dez para se chegar a um quadro realista das perdas humanas. Quase 2 mil pessoas saíram feridas dos combates entre quirguizes e integrantes da minoria uzbeque ao longo dos últimos oito dias. Segundo as Nações Unidas, pelo menos 400 mil pessoas estão em fuga.

Governo interino tenta mostrar controle sobre a crise

Apesar da escalada de violência, o governo do Quirguistão quer submeter uma nova Constituição a votação no final de junho. Otunbayeva assinou recentemente um decreto nesse sentido.

Unruhen in Kirgisistan Rosa Otunbayeva
Rosa Otunbayeva em Osh, em 18 de junhoFoto: AP

Na sexta-feira, a premiê interina visitou a cidade de Osh, no sul do país, gravemente assolada pelos confrontos. "Vim aqui para falar com as pessoas e saber de primeira mão o que aconteceu", declarou ela, referindo-se aos combates que duraram dias. "Faremos tudo para reconstruir essa cidade", assegurou Otunbayeva, defendendo-se contra as críticas de que seu governo não estaria dando conta da crise nacional.

A premiê garantiu que se empenhará pelo retorno de centenas de milhares de moradores da região que partiram em fuga da violência. Para ela, superar as animosidades entre a população quirguiz e a minoria uzbeque é uma questão de boa vontade. No final da semana passada, o conflito subjacente entre as duas etnias, no sul do país, havia escalado em confrontos sangrentos.

Ajuda imediata da ONU para os refugiados

Diante da escalada de violência no sul do Quirguistão e da difícil situação de milhares de fugitivos, a ONU liberou uma ajuda imediata de 100 mil euros à região. "Esse êxodo é dramático e está se desenvolvendo com rapidez", confirmou o alto-comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.

Desde o início dos recentes confrontos, em 10 de junho passado, mais de 75 mil refugiados chegaram ao Uzbequistão em busca de proteção e segurança, segundo confirmaram autoridades locais. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados está abastecendo a região em conflito por meio de uma ponte-aérea entre Dubai e Andijan, no leste do Uzbequistão.

Interesses políticos por trás da violência

Desde junho vem se acirrando a situação na cidade de Osh. Observadores supõem que os confrontos da semana passada foram incitados propositalmente para desestabilizar o país. Um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos havia comentado que os tumultos poderiam ter sido provocados deliberadamente "por motivos políticos e criminosos".

Autorin: Naima El Moussaoui (sl)
Revisão: Augusto Valente

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