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Congresso acusa falhas da Alemanha, CIA e FBI

rw25 de julho de 2003

Relatório do Congresso dos EUA revela que ataques terroristas de 2001 poderiam ter sido evitados pelos serviços de inteligência. Estudo acusa também a Alemanha de não ter levado a sério a prevenção contra o terror.

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Pilotos suicidas moravam em HamburgoFoto: dpa

Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 poderiam ter sido evitados, se os serviços de inteligência tivessem avaliado corretamente e trocado as informações de que dispunham, concluiu o Congresso americano em relatório publicado na quinta-feira (24).

O estudo de quase 900 páginas também destaca que uma legislação alemã mais restritiva na época poderia ter contribuído para desbaratar a tempo a célula de terror – responsável pelos atentados contra o World Trade Center e o Pentágono – que residia em Hamburgo.

Os autores do relatório lamentam que os serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Alemanha tenham falhado na identificação do que descrevem como uma crescente ameaça do terrorismo no período que antecedeu o 11 de setembro.

Falha no cruzamento de dados – O senador Bob Graham, chefe da comissão que fez o estudo, está convicto de que, com um pouco mais de competência, cooperação e criatividade, os ataques terroristas teriam sido evitados.

Desde 1994, os serviços de inteligência teriam sido informados sobre planos de usar aviões civis como armas. Três anos antes dos atentados, havia informações sobre prováveis ataques em solo norte-americano. Se, além disso, o FBI, a CIA e a Agência Nacional de Segurança (NSA) tivessem cruzado pistas que receberam meses e dias antes dos ataques, poderiam ter evitado a morte de quase três mil pessoas nas torres gêmeas que já não existem mais, aponta o relatório.

Quanto às leis alemãs, que entrementes foram alteradas, o documento critica o fato de não ter havido restrições para o avanço do extremismo islâmico. "Antes do 11 de setembro, não era proibido na Alemanha ser membro de organizações terroristas do exterior, de reunir dinheiro para terroristas ou planejar atentados fora da Alemanha", critica o estudo.

O aparato da inteligência alemã "foi fragmentado intencionalmente para dificultar os abusos de poder. Esta divisão dificultou a coordenação e o gerenciamento de informações". Por outro lado, o governo alemão aparentemente não considerava grupos islâmicos uma ameaça e por isso não se dedicava a sua observação.

Choque na Alemanha – A descoberta de que três dos pilotos suicidas dos aviões de passageiros seqüestrados e jogados contra o WTC e o Pentágono em 2001 haviam planejado os atentados em Hamburgo, onde residiam, entretanto, chocou as autoridades alemãs. A reação veio rápido.

Três meses depois, o Parlamento alemão aprovou leis que tornaram possível banir organizações que usavam a religião como pretexto para objetivos terroristas, cometer crimes ou apoiar organizações extremistas em outros países. Desta maneira, foram proibidas a organização fundamentalista islâmica "Califado" e a palestina Al Aqsa, ligada à Hamas. Desde que a nova lei entrou em vigor, em dezembro de 2001, o mesmo já aconteceu com 16 grupos islâmicos na Alemanha.

Paralelamente, o país iniciou a maior investigação de sua história pós-guerra, inclusive elogiada pelo Departamento de Estado norte-americano em seu relatório antiterrorismo, de maio último. Mais de 600 membros das polícias federais da Alemanha e dos Estados Unidos esmiuçaram as raízes da célula da Al Qaeda em Hamburgo. Suas investigações resultaram em dois julgamentos e na condenação do marroquino Mounir al Motassadeq.