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Tendência

Gesa Schölgens (sv)20 de setembro de 2007

Apesar do reaquecimento da conjuntura, o varejo alemão não vislumbra qualquer sinal de ventos favoráveis. Um quadro registrado apenas na Alemanha. Em outros países da UE e nos EUA consome-se bem mais.

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Lojas de departamento: consumidor ausenteFoto: dpa

Há dois anos, os termômetros apontam para um reaquecimento da conjuntura na Alemanha. Alguns economistas prevêem até mesmo um crescimento econômico de 2,5% para o ano de 2007. A razão da recuperação econômica está, acima de tudo, no crescimento das exportações: no primeiro semestre deste ano, o país exportou 10,9% a mais que no mesmo período do ano anterior. Quem observa o comportamento do consumidor alemão, no entanto, não vê nem sinais de tamanho otimismo.

Salários baixos e preços altos

São vários os fatores que fream o consumo. Principalmente nos seis primeiros meses do ano, o varejo sofreu com as consequências do aumento do imposto sobre valor agregado. Mais de 65% dos varejistas tiveram que amargar perdas nos primeiro semestre do ano. "O aumento do imposto fez muitos consumidores anteciparem suas compras, adquirindo os produtos já no último ano", diz Dirk Nörsdorf, pesquisador da Sociedade de Pesquisa de Consumo.

E mesmo quando as empresas aumentam seus lucros, elas não costumam repassá-los de imediato a seus funcionários. "Várias negociações salariais foram feitas somente no primeiro semestre de 2007 e só vão surtir efeitos posteriormente", observa Nörsdorf. Além disso, há muito que não há aumentos reais dos salários no país, enquanto os custos com energia e alimentação subiram sensivelmente.

Crescimento na Europa

Em termos europeus, a conjuntura realmente está reaquecida. Apesar da crise financeira, a Comissão Européia prevê um crescimento de 2,5% para os países do bloco. "Dentro da zona do euro, há poucas diferenças em relação ao desenvolvimento da conjuntura", analisa Sandra Schmidt, do Centro de Pesquisa Econômica Européia.

Em outros países da UE, o consumo também não aumentou nos muito nos últimos meses. "Embora tamanha retração, como ocorre na Alemanha, não seja registrada em nenhum outro país do bloco", diz Alfred Steinherr, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica. Em países como França, Espanha ou Inglaterra, o mercado interno é um suporte sólido da conjuntura, enquanto na Alemanha ele não tem praticamente nenhuma importância.

Esperança por maior consumo

De acordo com Schmidt, a retração do consumo na Alemanha é apenas um fenômeno temporário. "O consumo interno está fraco há anos, principalmente se comparado ao dos EUA", diz a especialista, ao apontar que entre as razões dos comportamentos distintos está uma diferença de mentalidade entre os dois países: "Os alemães poupam para a aposentadoria, enquanto o consumidor nos EUA vive o dia de hoje".

A cautela e a insegurança do consumidor não surgem, porém, do nada. "Não existe praticamente nenhum outro país europeu em que os níveis de vida tenham caído tanto quanto na Alemanha nos útlimos anos", lembra Steinherr.

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Aumento de imposto colabora para retração do consumoFoto: dpa - Bildfunk

Em 1982, a Alemanha ocupava o terceiro lugar no ranking internacional de renda per capita. Hoje, o país está na 18ª posição na lista da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), encabeçada por Luxemburgo e Noruega. Mesmo assim, a conjuntura dá sinais de recuperação. "Agora, saber se ela vai impulsionar o consumo em breve, só o tempo dirá", resumem os especialistas.