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Contra a pobreza e a dependência do petróleo

gh1 de junho de 2004

Começa em Bonn a Conferência Internacional pelas Energias Renováveis. Governo e organizações ecológicas esperam resultados concretos. Alemanha vai assinar acordo de cooperação com o Brasil

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O ministro Jürgen Trittin abriu a Conferência Internacional pelas Energias Renováveis, em BonnFoto: dpa

Mais de 2500 representantes de 140 nações participam da Conferência Internacional pelas Energias Renováveis, aberta nesta terça-feira (01/06), em Bonn. A realização do encontro foi proposta pelo chanceler alemão Gerhard Schröder (SPD), durante a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2002, na África do Sul. O objetivo da chamada Renewables 2004 (Renováveis 2004) é discutir formas de uso e fomento das energias renováveis no futuro.

"Não esperem mais, pensem no nosso futuro. Nós somos a geração solar", diz uma canção em que jovens integrantes da organização não-governamental Greenpeace lembraram os participantes da conferência de sua responsabilidade pelas futuras gerações. O Greenpeace exige a aprovação de metas concretas de apoio às energias renováveis e ecológicas.

A Renewables acontece num momento em que aumenta em todo o mundo a preocupação pelo aumento dos preços do petróleo. Por isso, o ministro alemão do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, advertiu no início da conferência: "O mundo só terá chance de sobreviver, se renunciar ao petróleo e apostar no gás. Combustíveis fósseis, como o petróleo, não só são caros, como também causam danos ambientais e mudanças climáticas. Além disso, muitas pessoas não têm acesso às fontes energéticas. Tudo isso são motivos para ampliar o uso das fontes de energia alternativa", disse.

Justiça global

Internationale Konferenz für Erneuerbare Energien in Bonn, Logo
Logotipo da Renováveis

"Precisamos cobrir a crescente demanda de energia, mas sem extrapolar os limites do suportável pela atmosfera. Quando dois bilhões de pessoas não têm acesso à energia, isso tem a ver com justiça global", declarou Trittin.

As energias renováveis, teoricamente, estão disponíveis em todo lugar e não dependem de infra-estrutura cara, como oleodutos. Com a energia solar é possível, por exemplo, abastecer regiões isoladas. "O século 20 foi cheio de conflitos e até guerras pelas reservas de petróleo", disse a ministra alemã da Cooperação Econômica e Ajuda ao Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul. "Em compensação, uma guerra solar nunca vai ocorrer", acrescentou, referindo-se à livre disponibilidade da luz do sol.

A conferência deve dar um sinal claro a favor da utilização de fontes alternativas de energia, como água, biomassa, vento e luz solar. Segundo cálculos da Agência Internacional de Energia (AIE), essas formas de energia respondem por apenas 5% do abastecimento mundial de energia, contra 40% do petróleo, 50% do carvão e gás e 7% da energia nuclear. A agência prevê um aumento de apenas 1% da fatia das energias renováveis até 2030, enquanto a participação do petróleo deve permanecer quase inalterada.

Metas ambiciosas

As metas da União Européia, pelo menos dos 15 antigos países-membros, são ambiciosas. Até 2010, pretende elevar a 22% a participação de fontes renováveis na energia consumida. Pelo jeito, poucos países conseguirão cumprir essa meta, à exceção talvez da Dinamarca, Alemanha, Finlândia e Espanha.

Esse abismo entre as boas intenções e a realidade deve tornar-se evidente também na Renewables 2004. No final, devem ser aprovados uma declaração política e um plano de ação, ambos sem força de lei internacional. Apesar disso, o secretário geral da Associação Internacional para Energia Eólica, Stefan Gsänger, está convicto de que a conferência será um sucesso. "Muitos países e governos ainda não estão conscientes dos potenciais disponíveis no setor de energias renováveis, nem quais instrumentos técnicos e políticos podem ser usados", disse.

Alemanha vai aproveitar o encontro para assinar um acordo de cooperação no campo das energias alternativas com o Brasil. Detalhes do documento serão divulgados, nesta quarta-feira (02/06), em entrevista coletiva das delegações dos dois países em Bonn.