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Copos feitos de açúcar

Suzanne Cords / sv4 de outubro de 2002

Matérias-primas renováveis como a batata ou o açúcar são usadas por pesquisadores alemães na produção industrial. Possibilidades de uso destes materiais são vistas pelas indústrias automobilística e de aviação.

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Campo de colza, usada como fonte de combustível renovávelFoto: AP

No interior do estado alemão Mecklenburg-Vorpommern, em meio a campos e gramados, fica o pequeno povoado Gülzow, onde vivem apenas 600 pessoas. Quase ninguém que passa por esta região, sabe que ali está em jogo parte do futuro da humanidade: em 1993, foi criada, em Gülzow, pelo Ministério Alemão de Defesa do Consumidor, Alimentação e Agricultura, a agência especial "Materiais Renováveis".

A principal tarefa da agência é incentivar idéias que possam levar à fabricação de produtos industriais – de boa qualidade – à base de colza, açúcar, batata, trigo, milho, cânhamo e madeira. "De uma matéria-prima como o açúcar, pode-se produzir um material semelhante ao plástico, que é basicamente tão transparente quanto o vidro, com a grande vantagem de ser biologicamente recomposto", explica Andreas Schütte, diretor da agência.

Schütte salienta que "proteínas podem ser muito bem aproveitadas para a fabricação de pneus, por exemplo, de forma a conseguir uma aderência muito melhor. Não se corre o risco de andar 100 quilômetros e derrapar, porque as coisas não funcionam mais".

Cooperação européia –

Copos de iogurte, brinquedos infantis, linóleo, capacetes ou até mesmo fraldas: a lista não tem fim. Os produtos em questão não são desenvolvidos por ermos inventores, mas por sólidas empresas e universidades. Também em outros países da União Européia como França, Itália, Inglaterra e Áustria estão sendo feitas pesquisas no setor. A cooperação européia é prioridade na questão: um bom exemplo é o projeto envolvendo um uso eficiente de combustíveis renováveis, desenvolvido por alemães e belgas ao mesmo tempo.

Para alcançar os objetivos traçados, falta, com freqüência, o capital nas mãos. Na Alemanha, a agência "Materiais Renováveis" investe 26 milhões de euros por ano em cerca de 300 projetos de pesquisa. Outros dez milhões fluem para o desenvolvimento de um programa de marketing, em busca da aceitação do consumidor. Tarefa nada fácil, uma vez que os produtos fabricados segundo as normas de respeito ao meio ambiente acabam, muitas vezes, saindo mais caros que seus semelhantes convencionais.

Cerca de 850 mil hectares de terra são, na Alemanha, voltados às matérias-primas renováveis. A maior parte desta superfície é, segundo Schütte, destinada ao plantio da colza. A erva, que assemelha-se à couve, pode ser usada como fonte de óleo combustível, que, inclusive, já é oferecido por alguns postos de gasolina na Alemanha. O especialista Schütte acredita que até o ano de 2020, o combustível proveniente da colza deverá abocanhar entre cinco e dez por cento do mercado alemão.

Projeto Futuro –

As estimativas otimistas não dizem respeito somente à Alemanha, mas a todo o território da União Européia. "Nós trabalhamos aqui, mas também em vários projetos europeus, que são financiados pela UE e monitorados por nós", explica Schütte. Os coordenadores de projetos pioneiros procuram, no entanto, ligar todas suas atividades ao setor industrial.

Apesar disso, há diversos grupos que não vêem as experiências da agência alemã com bons olhos. A razão disso é apontada por Schütte nas diretrizes rígidas da UE, que precisam ser seguidas nos projetos. Algumas empresas se negam a respeitar tais códigos. Na opinião de Schütte, esta parcela do empresariado irá, no entanto, reconhecer em breve que perde com tal postura grandes oportunidades.

Com a Polônia e a Hungria, países-candidatos a ingressar na UE, a agência alemã já coopera há muito. A razão é simples: nestes países, há infindáveis áreas livres, que podem ser facilmente destinadas ao cultivo de matérias-primas renováveis.