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Crise do gás

Agências (ca)7 de janeiro de 2009

A interrupção do fluxo de gás russo através do território ucraniano atingiu Alemanha e diversos outros países europeus. A situação é pior na Europa Oriental. Enquanto isso aumenta pressão sobre partidos conflitantes.

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Europeus enviarão comissão para investigar corte do gásFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

A maior importadora de gás da Alemanha, a empresa E.ON Ruhrgas e a empresa do Leste alemão Verbundnetz Gas (VNG) não recebem mais gás através dos gasodutos que atravessam o território ucraniano. "Pela região de trânsito da Ucrânia não flui mais gás", afirmou um porta-voz da E.ON Rurhgas, nesta quarta-feira (07/01), em Essen.

Cerca de 80% do gás russo que chega à Alemanha passa pela Ucrânia. O resto flui através de Belarus e pela Polônia até Frankfurt do Oder. Esses gasodutos funcionam sem problemas, salientou o porta-voz da E.ON Ruhrgas. Nas principais estações de fronteira da empresa, em Waidhaus, próximo à fronteira tcheca com a Baviera, estaria chegando "dramaticamente menos" gás.

A empresa afirmou, no entanto, que o abastecimento da população estaria garantido. E.ON Ruhrgas recorreria ao fornecimento através de Belarus, às suas reservas e às importações de outros países, como a Noruega. A VNG também se referiu ao abastecimento através do gasoduto por Belarus e Polônia. A empresa russa Gazprom é a principal fornecedora da VNG.

Averiguação por parte de especialistas estrangeiros

Gaspipelines im europäischen Raum
Mapa dos gasodutos na EuropaFoto: AP

Com 37% de participação no mercado alemão, a Rússia é o principal fornecedor de gás natural para domicílios e empresas do país. Nesta quarta-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, cobrou da Rússia e da Ucrânia que retomem rapidamente as negociações sobre os contratos de fornecimento de gás russo a Kiev. Merkel falou por telefone com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, e com a chefe de governo ucraniana, Julia Timochenko.

Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo de Merkel, informou que os três representantes governamentais teriam concordado quanto ao envio uma comissão de especialistas da indústria do gás europeia e da União Europeia (UE).

A comissão deverá esclarecer, em ambos os lados da fronteira russo-ucraniana, que motivos levaram ao corte de abastecimento. Putin e Timochenko teriam se mostrado dispostos a permitir uma averiguação por parte de especialistas estrangeiros, afirmou Wilhelm.

Situação é mais difícil na Europa Oriental

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Em Waidhaus, o fluxo do gás diminuiu drasticamenteFoto: AP

Além de receber 26% de seu gás da Noruega, as reservas de gás natural da Alemanha durariam 70 dias, afirmam especialistas. No restante da Europa, entretanto, a dependência do gás natural da estatal russa Gazprom varia de país para país. Enquanto a República Tcheca, Eslováquia, Romênia ou Bulgária importam quase 100% de sua demanda de gás natural da Rússia, países como Bélgica, França ou Reino Unido recebem seu gás através de outros fornecedores, como a Holanda.

Além da Alemanha, a Áustria, Itália, Polônia, Romênia, República Tcheca, Eslováquia, Sérvia, Croácia, Bulgária e Grécia também foram atingidos pela interrupção do fornecimento de gás natural russo através da Ucrânia.

A situação é mais difícil nos países da Europa Oriental. Em Sófia, um terço da iluminação pública foi desligado. Devido aos altos preços de outras fontes energéticas, os padeiros da capital búlgara anunciaram aumento de 5% de seus preços.

Na Eslováquia, uma das maiores firmas do país, a US Steel Kosice, suspendeu a produção de aço. Países como a Bulgária ou a Sérvia dispõem de poucas reservas, por isso têm que diminuir sua produção industrial. A Hungria, que recebe 90% do seu gás natural da Gazprom, tenta agora importar gás de outros países. A Sérvia, que importa o produto através da Hungria, não recebe mais nenhum gás.

Gasoduto Nabucco é esperança de abastecimento

Gasstreit Russland Ukraine Gazprom
Negociações entre Rússia e Ucrânia continuam em MoscouFoto: AP

Enquanto isso, a pressão sobre os partidos conflitantes aumentou sensivelmente. Na próxima quinta-feira, as negociações deverão continuar em Moscou. Segundo Georg Ismar, da agência de notícias DPA. a primeira semana de janeiro teria servido a uma disputa de forças para aumentar o preço do gás. Especialistas afirmam que a pressão da Rússia sobre a vizinha Ucrânia também estaria ligada ao fato de a aproximação de Kiev com a UE ser um espinho nos olhos dos russos.

A Rússia pede da Ucrânia 250 dólares por cada mil metros cúbicos de gás, o que é ainda está abaixo dos 500 dólares pagos por outros países europeus. A endividada Ucrânia exige da Rússia, por sua vez, taxas mais elevadas para o trânsito do gás russo através de seu território.

A maior esperança da União Europeia não está somente na resolução da briga comercial entre Rússia e Ucrânia. A UE aposta na redução do consumo de gás, na construção de mais reservatórios, no desenvolvimento de energias alternativas e no gasoduto Nabucco, com 3 mil quilômetros de extensão, que deverá ficar pronto em 2013 e trazer gás natural do Mar Cáspio até a Áustria, passando pela Turquia.

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