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Cresce a concentração no setor farmacêutico europeu

Angela Göpfert (as)28 de setembro de 2006

A compra da Schwarz Pharma pela belga UCB é a quarta transação envolvendo empresas farmacêuticas alemãs em poucas semanas: o previsto processo de fusão no setor está a todo vapor.

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Cientista trabalha em um dos laboratórios da Serono, adquirida pela alemã MerckFoto: AP

Como analistas econômicos vinham prevendo há algum tempo, a indústria farmacêutica européia acordou para o fato de que o grande número de empresas existentes tornava o setor insustentável. Os elevados custos de pesquisa são impraticáveis para as empresas menores, o que faz com que elas sejam absorvidas pelos grandes conglomerados.

O nível de concentração se acelerou desde maio, quando a berlinense Schering foi incorporada pela Bayer numa transação de 17 bilhões de euros. Na semana passada, foi a vez da Merck, que havia feito uma oferta pela Schering no começo do ano, anunciar que estava comprando a suíça Serono por 16,6 bilhões de francos suíços. Na mesma semana, a Altana assinou contrato de 4,5 bihões de euros para vender a sua divisão farmacêutica ao grupo dinamarquês Nycomed.

E, nesta segunda-feira (25/09), o grupo belga UCB fez uma oferta decisiva para a compra da Schwarz Pharma, empresa familiar com sede em Monheim.

Setor dominado por poucos

Zentrale Pharmakonzern Schering AG in Berlin
Sede da Schering, que foi adquirida pela BayerFoto: AP

A velocidade que o processo de fusão tomou nos últimos dias surpreendeu setores da indústria, apesar das previsões que diziam que o futuro do setor seria dominado por grandes conglomerados.

"Muitas empresas estão sendo pressionadas porque seus clientes, que também estão sob pressão dos planos de saúde, querem pagar cada vez menos pelos remédios", afirmou o analista Karl-Heinz Schünemann. "Ao mesmo tempo, os custos de produção aumentam devido ao crescente rigor com a segurança no processo de produção."

De acordo com a Federação Alemã da Indústria Farmacêutica, as empresas do setor investiram 4,5 bilhões de euros em pesquisa no ano passado.

O fato de o setor fazer grandes investimentos sem garantias sólidas de retorno foi sentido pela Altana. Pesquisadores da empresa alemã falharam no desenvolvimento de drogas bem-sucedidas no mercado nos últimos anos, e a patente do produto mais vendido da marca, o remédio para estômago Pantoprazol, venceu, deixando a empresa sem outra opção a não ser vender sua divisão farmacêutica à Nycomed.

Processo está só no início

Apenas companhias que disponham de recursos para bancar pesquisas de longo prazo e que sejam sólidas o suficiente para absorver erros estão aptas a sobreviver, na condição de grandes conglomerados, num mercado cada vez mais concentrado.

Ao absorverem outras empresas, esses impérios farmacêuticos também lucram com o que Schünemann chama de "efeitos de sinergia". São os benefícios obtidos com a incorporação de empresas fracas num aspecto, mas fortes o suficiente em outro para despertar o interesse do comprador.

No ano passado, a Schwarz investiu muito dinheiro na montagem de seu sistema de distribuição. Quem ganhará com isso será a UCB, assim como a Merck espera lucrar com a aquisição da Serono, maior empresa de biotecnologia da Europa.

A concentração na indústria farmacêutica na Alemanha e na Europa é apenas um reflexo de uma tendência mundial. As dez maiores empresas farmacêuticas do mundo controlam 50% do mercado global. Isso mostra que ainda há muitas pequenas companhias a serem incorporadas pelas grandes, e que o processo de concentração está apenas no começo.