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Cresce interesse por filmes latino-americanos

lk31 de julho de 2003

Acontecimento raro até há pouco tempo, a exibição de filmes do Brasil, México e Argentina multiplica-se nos cinemas alemães. Mas o sucesso na bilheteria depende também da distribuidora.

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Longa-metragem de Sandra Werneck chega aos cinemas alemães

A partir deste último dia de julho — quinta-feira é dia de lançamento de filmes na Alemanha —, os espectadores podem acompanhar nas telas dos cinemas alemães as idas e vindas de Carolina Ferraz e Murilo Benício, em suas três diferentes versões dos caminhos que pode tomar o relacionamento entre um homem e uma mulher. A comédia Amores Possíveis, segundo longa-metragem da brasileira Sandra Werneck, é o mais recente exemplo de uma lista que aumenta com rapidez cada vez maior: a de filmes latino-americanos que — geralmente depois de conquistar prêmios em festivais internacionais — atraem a atenção das distribuidoras alemãs e ganham assim a oportunidade de se tornar conhecidos também do público germânico.

Cidade de Deus

, um sucesso excepcional

City of God, Cidade de Deus, Buscapé
Alexander Rodrigues no papel de Buscapé, em Cidade de DeusFoto: Presse

O argentino O Filho da Noiva, os mexicanos Amores Brutos e O Crime do Padre Amaro, o brasileiro Central do Brasil são algumas das produções que conquistaram fãs entre os alemães. Mas o mais forte exemplo da nova onda latino-americana nos cinemas do país é Cidade de Deus. A crônica da vida na favela de Fernando Meirelles foi introduzida no circuito alemão por uma grande distribuidora, a Constantin, e conseguiu atrair 350 mil pessoas aos cinemas, uma marca excepcional para uma produção latino-americana. Mereceu também uma atenção fora do comum por parte da imprensa especializada do país.

Em regra, os filmes produzidos naquele continente são adquiridos por distribuidoras pequenas, que só conseguem exibi-los num número reduzido de cinemas e são obrigadas a tirá-los de cartaz após um curto espaço de tempo. Japón, uma co-produção mexicano-espanhola, por exemplo, teve bilheteria de 6300 espectadores em seis semanas; Tan de repente, filme argentino, foi visto por 6100 pessoas em quatro semanas. O desempenho do melodrama mexicano O Crime do Padre Amaro até chama a atenção: despertou a curiosidade de 21 mil pessoas.

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Cena de Japón

São números modestos, se comparados aos 850 mil espectadores que assistiram a Frida, a produção hollywoodiana da mexicana Salma Hayek, que também protagonizou o filme que retrata a pintora Frida Kahlo.

Apenas uma moda passageira?

Os críticos já se perguntam a que se deve o "milagre latino", mas, como Anke Sterneborg admitiu em recente artigo escrito para a revista epd-Film, ainda não encontraram uma explicação para ele. Ludwig Ammann, diretor da distribuidora Kool — que, aliás, está lançando Amores Possíveis —, não esquenta a cabeça em busca de motivos profundos. Quando o público enjoa de uma determinada moda — como a dos filmes asiáticos, que se manteve até há pouco tempo —, os formadores de tendências saem em busca de coisas novas, pura e simplesmente, diz ele.

Até uma olhada na programação da tevê confirma qual a tendência do momento. Só do Brasil, foram exibidos por dois grandes canais, neste mês, Bendito Fruto, de Sérgio Goldenberg, e O que é isso, companheiro?, de Bruno Barreto.