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Crise do setor high tech também afeta empresas alemãs

Neusa Soliz19 de julho de 2002

O fabricante de chips Infineon e a SAP, maior empresa européia de software, foram menos afetadas pela crise do setor de tecnologia que as firmas americanas. Mas o mercado de computadores na Europa está em retração.

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Funcionária da Infineon mostra placa de silício para a produção de chipsFoto: AP

A crise mundial do setor de tecnologia de ponta continua se refletindo no balanço da maioria das empresas nas áreas de computadores, software, semicondutores, telecomunicações e componentes eletrônicos. As alemãs Infineon (chips) e SAP (software) não são uma exceção, mas seus dados pelo menos não foram tão chocantes quanto os da Ericsson sueca e da indústria eletrônica Epcos, com sede em Munique. Das americanas, apenas a Microsoft nada contra a corrente, registrando aumento de lucros e previsões otimistas, nesta sexta-feira (19), depois das péssimas notícias da Intel (17/07) e da IBM (18/7).

Infineon

- A Infineon, quarto maior produtor de chips de memória (DRAMs), conseguiu reduzir seu prejuízo no terceiro trimestre do ano fiscal, no que surpreendeu os analistas. O resultado antes do pagamento de juros e impostos (Ebit) foi um prejuízo de 107 milhões de euros, anunciou a empresa, nesta sexta-feira, em Munique. No mesmo período do ano passado, a Infineon tivera um prejuízo de 598 milhões de euros, principalmente devido a amortizações. A direção da empresa atribuiu o melhor resultado às medidas de contenção de gastos e a uma demanda relativamente estável na maioria dos setores. De maio a junho de 2002, o faturamento aumentou ligeiramente para 1,4 bilhão de euros. A Infineon encara os próximos meses com otimismo moderado, mas não fez prognósticos. Se bem é certo que os preços de semicondutores começaram a recuperar-se em junho, a pressão da queda anterior ainda se reflete nos negócios.

SAP

- A maior empresa européia de softwares teve um prejuízo de 232 milhões de euros no segundo trimestre (frente a um lucro de 206 milhões de euros no segundo trimestre de 2001). A valorização do euro perante o dólar contribuiu para o fraco desempenho da empresa alemã com sede em Walldorf, mas o principal motivo foi a perda de valor de suas participações, sobretudo na Commerce One. A desvalorização desta firma norte-americana, na qual a SAP detém 20% das ações, acarretou um débito de 409 milhões de euros. O lucro operacional da SAP caiu 25% para 175 milhões de euros e o faturamento, 4% para 1,78 bilhão de euros. No primeiro semestre, o faturamento caiu 2% para 3,44 bilhões de euros. O resultado semestral foi um prejuízo de 167 milhões de euros. A estratégia da SAP para o segundo semestre é apertar o cinto, reduzir os custos e suspender novas contratações, indicou um dos fundadores da empresa, Hasso Plattner, na quinta-feira (18), em Nova York. Plattner responsabilizou a insegurança reinante nas grandes empresas, por causa dos escândalos de irregularidades na contabilidade, pela crise na indústria de softwares.

Epcos

- A empresa alemã que é o segundo maior fabricante mundial de componentes eletrônicos chocou o mercado, nesta sexta-feira, com o anúncio de que irá cortar centenas de empregos na Europa. Após um balanço negativo no segundo trimestre, a Epcos conta com um prejuízo que não precisou. Seu porta-voz limitou-se a dizer que se trata de um número de dois dígitos. As razões são a queda da demanda na Alemanha, principalmente nos setores de eletrônica para automóveis e telecomunicações, e a contínua queda de preços dos componentes eletrônicos. Seu presidente, Gerhard Pegam, anunciou mais austeridade em todos os setores. Até o final de julho a empresa definirá quantos funcionários irá dispensar. No ano passado, a Epcos cortou 10% dos empregos, contando agora com 13.000 funcionários. Para o ano de 2002, a empresa espera uma queda total do faturamento da ordem de 30%.

Ericsson

- A empresa sueca, uma das líderes em equipamento de telefonia, também sofre os efeitos da crise. No primeiro semestre, acumulou uma perda de 770 milhões de euros. Como continuaram caindo o faturamento (-28%) e o número de encomendas (-38%), seu presidente, Kurt Hellstroem, anunciou, nesta sexta-feira (19), em Estocolmo, o corte de mais 5000 empregos: um novo choque para o mercado.

Microsoft

- A gigante americana Microsoft é um dos poucos raios de luz em meio à escuridão. Seu lucro no quarto trimestre do ano fiscal foi de 1,53 bilhão de dólares, mas ficou aquém das expectativas dos analistas. Estes, porém, avaliaram de forma positiva as perspectivas da empresa. A Microsoft faturou 7,25 bilhões de dólares no último trimestre, 10% a mais do que no mesmo período do ano passado. O lucro do ano fiscal encerrado foi de 7,83 bilhões de dólares (7,35 bilhões em 2001). O faturamento aumentou 12% para 28,4 bilhões de dólares. Segundo o diretor financeiro John Connors, a Microsoft pretende contratar 5000 novos funcionários. Atualmente, emprega 50 mil.

IBM, Intel, Motorola -

As demais firmas americanas estão longe de um resultado comparável. A Intel Corporation, maior fabricante de chips, pretende cortar 4000 empregos no segundo semestre. Seu faturamento estagnou no segundo trimestre ao nível de 2001, em 6,3 bilhões de dólares. Excluindo-se encargos extraordinários, ela teve um lucro de 620 milhões de dólares, 27% a menos do que no mesmo período do ano passado. Como os demais fabricantes de chips, a Intel está sujeita à fraca demanda de computadores. A IBM, por sua vez, anunciou na quinta-feira (17) uma queda de 97% dos seus lucros para apenas 56 milhões de dólares. E a Motorola, segundo fabricante mundial de celulares, teve um prejuízo maior ainda, de 2,3 bilhões de dólares no segundo trimestre. No semestre, ela acumulou perdas de 2,8 bilhões de dólares.

Mercado mundial de computadores em recessão

A indústria mundial forneceu menos computadores no segundo trimestre do ano. A queda foi de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado, apurou o instituto de pesquisa de mercado Gartner Dataquest. Ao todo, foram entregues 29,9 milhões de computadores. "A insegurança econômica continua minando a confiança no futuro, que foi bastante prejudicada com os escândalos nos balancetes da Enron e WorldCom MCI", disse o vice-presidente do instituto, Charles Smulder, nesta sexta-feira, em San José. A fusão da Hewlett Packard com a Compaq resultou na nova líder mundial, com uma parcela de 15,5% do mercado. Não obstante, a nova empresa teve uma queda de fornecimentos de 16% no segundo trimestre. O segundo lugar é da Dell, com 14,9% do mercado, a única a aumentar suas entregas em 13%. A IBM vem em terceiro, com uma parcela de 6,6% e uma queda de 8,6% nos fornecimentos.

Europa

- O mercado de computadores teve uma retração na Europa, pela quinta vez consecutiva, segundo o Gartner Dataquest. As entregas de PCs diminuíram 6% no segundo trimestre de 2002. O motivo é que muitas empresas adiam investimentos e praticamente não estão comprando novos computadores e sistemas de processamento de dados. A demanda só é boa no tocante a laptops, notebooks e computadores portáteis. Os fabricantes esperam um ligeiro aumento no fim do ano, mas só contam com uma melhora significativa a partir do segundo semestre de 2003.