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Crise exige criatividade também dos cartolas

Roselaine Wandscheer20 de novembro de 2002

Altos salários dos jogadores, menos verba por transmissão de jogos, patrocínios estagnados e caros projetos para novos estádios obrigam clubes alemães a buscarem novas formas de financiamento.

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Beckenbauer, ao anunciar o recorde de faturamento da Bayern SAFoto: AP

A falência do Grupo Kirch, que detém os direitos de televisionamento do Campeonato Alemão, afetou seriamente os orçamentos dos clubes. A redução das cotas pela transmissão das partidas provocou enormes buracos em seus orçamentos.

Embora o Bayern de Munique seja o único clube do Campeonato Alemão (Bundesliga) que se dá ao luxo de manter 11 estrelas em campo e mais algumas no banco, algumas equipes da primeira divisão precisam de dinheiro nos cofres para outros fins. Por exemplo, o financiamento dos ambiciosos projetos de reforma ou construção de novos estádios para a Copa do Mundo, em quatro anos.

Várias empresas apóiam Bayern

O principal patrocinador do recordista de títulos da Alemanha é a Deutsche Telekom, com 20 milhões de euros por temporada até 2008. A fabricante de automóveis Audi colocou 50 veículos à disposição do clube e pagará 5 milhões de euros por temporada a título de direitos de publicidade.

Além disso, com a criação da Bayern SA, o time bávaro selou uma parceria estratégica com a Adidas. A cota do fabricante de artigos esportivos na empresa do clube é de 10%, no valor estimado de 76 milhões de euros. O faturamento do Bayern de Munique no último ano financeiro atingiu o recorde de 176 milhões de euros, mas seu lucro caiu para 11 milhões de euros.

Por outro lado, o que o clube bávaro ambiciona para daqui a algum tempo, há dois anos foi ousado pelo Borussia Dortmund, atual campeão alemão. O clube dos brasileiros Amoroso, Éwerthon, Dede e Evanílson está no mercado de ações desde outubro de 2000. Com o passar do tempo, ficou evidenciado o que já se supunha: o sobe-e-desce das ações está acoplado aos êxitos em campo.

Lançada no mercado com um valor de 11 euros, a ação do Borussia Dortmund estava valendo € 3,90 no início do mês de novembro. No dia após a derrota por 2 a 0 para o Arsenal de Londres, em setembro, ela chegou a perder 23% de seu valor, sendo vendida temporariamente a três euros.

Torcedores são capital garantido

Já o Schalke financiou a construção de seu estádio através de empréstimos junto a investidores ingleses e norte-americanos. Por ser multifuncional, com telhado e gramado removíveis, a arena AufSchalke, em Gelsenkirchen, no oeste alemão, é o mais moderno da Alemanha.

O pagamento do empréstimo foi vinculado à receita da bilheteria. "Apesar de todas as crises por que passa o futebol, uma coisa nos é certa: a fidelidade dos torcedores e o dinheiro que pagam para assistir aos jogos", lembra Luke Reeve, do banco de investimentos Schechter. O comprometimento da arrecadação com os ingressos durante 24 anos garantiu ao clube 85 milhões de euros.

O Kaiserslautern, por seu lado, está preocupado em assegurar seu plantel. Para evitar a perda de um jogador valioso como Miroslav Klose, por exemplo, o clube pensa em fazer um seguro e, assim, garantir uma forma de indenização se alguém da equipe trocar de clube.

Uma idéia interessante vem do Werder Bremen. Seu presidente Jürgen Born sugere a emissão de títulos com juros fixos, que podem acrescidos de um bônus no caso de a equipe chegar à final da Copa Alemanha ou quando seu estádio atingir um número estipulado de público.

Ingo Süssmilch, especializado em mercado esportivo do banco WGZ, de Düsseldorf, defende empréstimos sob forma de obrigações conversíveis. Isto é, durante a temporada, o investimento reverte em forma de juros baixos. Ao seu final, tem-se a opção de receber o capital de volta em forma de dinheiro vivo ou de ações.

Enquanto buscam formas de aumentar receita, os clubes tentam reduzir suas despesas. Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Bayer Leverkusen e os demais 15 clubes europeus que integram o G14 (que apesar do nome conta hoje com 18 clubes filiados) fixaram entre si um limite para a folha salarial. A partir da temporada 2005/2006, os gastos com pessoal não poderão ultrapassar 70% do faturamento do clube.