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Culto reúne familiares de vítimas de voo da Germanwings

Peter Hille (ca)16 de abril de 2015

Em entrevista à DW, pastora Annette Kurschus fala sobre cerimônia na Catedral de Colônia em memória dos mortos no voo 4U-9525. "Queremos transmitir esperança às pessoas afetadas pelo desastre", diz.

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Foto: picture-alliance/dpa/D. Naupold

Em memória das vítimas do voo da Germanwings 4U-9525, que caiu no mês passado, um culto ecumênico reúne nesta sexta-feira (17/04) cerca de 500 familiares e convidados oficiais na Catedral de Colônia, no oeste da Alemanha.

A pastora Annette Kurschus, teóloga sênior da Igreja Evangélica da Vestfália, celebrará a cerimônia fúnebre. Em entrevista à Deutsche Welle, ela destaca que o propósito do culto é acompanhar e transmitir esperança às pessoas afetadas pela tragédia. "O luto é algo que pertence à vida. Ninguém pode escapar dele", diz.

Deutsche Welle: Junto ao cardeal Rainer Maria Woelki, a senhora vai celebrar a cerimônia fúnebre religiosa para as vítimas do voo da Germanwings. Por que é importante que os familiares se reúnam mais uma vez nesse contexto?

Annette Kurschus: O luto é um processo muito importante para a superação de perdas. Nesse caso, trata-se de uma perda que chamou a atenção pública, e uma cerimônia fúnebre cumpre a função de que se vivencie mais uma vez esse luto, de forma ritualizada. Ali são lidos textos, existe uma linguagem em que posso me integrar, ali são cantadas músicas. Esse ritual ajuda, porque posso, simplesmente, entregar-me a ele. Esse tipo de serviço fúnebre aberto, como pretendemos que ele seja, cumpre também a função importante de dar ao público mais uma vez a oportunidade de expressar o seu pesar.

Deutschland Annette Kurschus westfälische Präses
Annette Kurschus é teóloga sênior da Igreja Evangélica da VestfáliaFoto: EKvW

Quais os seus sentimentos perante a cerimônia fúnebre?

Espero sinceramente que esta cerimônia nos permita celebrar um ritual junto aos familiares e que, em destaque, esteja realmente o fato de podermos dizer algo que ajude as pessoas diretamente afetadas. Tal cerimônia pública está sempre associada a certa tensão. Ao mesmo tempo, estaremos lá com uma determinada tarefa, uma missão específica. Eu não estarei lá como familiar que consola individualmente, mas estarei lá em nome daquilo que, para mim, significa a vida.

A senhora acabou de dizer que se trata de uma cerimônia fúnebre pública. Estará em vigor o mais alto nível de segurança e haverá convidados oficiais e transmissões ao vivo. A senhora vê isso como um problema?

É preciso ter muito cuidado para que isso não se torne um problema. Há certamente um perigo associado a todos esses aspectos inevitáveis quando tantas pessoas de importância política e pública se encontram. Então, é preciso tomar determinadas precauções. Por isso, temos que fazer de tudo para que essas medidas não se sobreponham e ofusquem o verdadeiro propósito que temos com essa cerimônia fúnebre, ou seja, acompanhar e transmitir esperança às pessoas afetadas por esse desastre.

O apoio ao luto é uma importante missão pastoral da Igreja. Que importância o luto tem para a senhora?

O luto é algo que pertence à vida. Ninguém pode escapar dele. Cada um de nós vai morrer um dia. Cada um de nós já viu alguém morrer ou vivenciou a morte de pessoas próximas. Essa perda deve ser superada. O luto tem a ver com a nossa finitude e nossa mortalidade e com o fato de sermos seres limitados.

De onde viemos? Para onde vamos? Pessoas que estão de luto fazem todas essas perguntas existenciais, e aqui está o papel da Igreja. Estamos cientes de que nossas vidas provêm das mãos de Deus e nelas caminham e queremos acompanhar as pessoas com base nessa certeza.