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Déficit preocupa G-20

ef27 de outubro de 2003

A crescente dívida estatal, incluindo a dos EUA e das maiores potências da União Européia – Alemanha e França – revelou-se a grande preocupação dos responsáveis pelas finanças do G-20 em seu encontro anual no México.

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Ministro alemão das Finanças, Eichel (esq), com o colega chinês HuaichengFoto: AP

Os ministros das Finanças e presidentes do bancos centrais do grupo de 20 países industrializados e emergentes (G-20) mostraram-se preocupados com o crescente endividamento estatal em várias partes do mundo, no seu encontro de dois dias, encerrado nesta segunda-feira (27) em Morelia, no México. Os chefes das finanças do grupo das nações mais importantes destacaram que a economia mundial está se recuperando, mas existem grandes desequilíbrios, entre os quais conta, principalmente, o alto déficit dos Estados Unidos.

John Snow auf dem Weg nach Japan und China
Secretário do Tesouro dos EUA, John SnowFoto: AP

Além de deter a espiral do endividamento, os ministros se disseram decididos a proteger o sistema financeiro internacional de abusos criminosos, sem, contudo, anunciarem medidas concretas. Eles falaram também sobre a possível criação de um código de conduta para países que se encontrem à beira de um superendividamento e, ainda mais importante, sobre um código que garanta maior transparência.

O G-20, criado em 1999 principalmente por iniciativa da Alemanha, representa 85% da população e 66% do produto social bruto do mundo. Entre seus integrantes emergentes destacam-se o Brasil, China, Índia, México e Coréia do Sul.

Ladeira acima

- "O déficit estatal cresce em todas as partes do mundo e, de forma mais impressionante, nos países emergentes. Mas também nas nações industrializadas não pode continuar como está, porque prejudica os nossos planos para o futuro", disse o ministro alemão, Hans Eichel, sobre o seu maior drama.

O endividamento da Alemanha atingiu um recorde histórico de cerca de 1,3 trilhão de euros. Ao mesmo tempo, espera-se um déficit orçamentário de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2003. Este será o segundo ano consecutivo em que o déficit está 1% acima do teto permitido pelo Pacto de Estabilidade do euro. Para prevenir crises, o político social-democrata alemão defendeu, em Morelia, a necessidade de mais transparência. "Temos que reconhecer a tempo onde se acumulam as dívidas e com que datas de vencimento", disse ele sem dar explicações sobre a montanha de dívida do seu país.

Exigência aos EUA e UE –

Segundo Eichel, os EUA foram conclamados a reduzir o seu déficit orçamentário e a Europa a fortalecer o seu crescimento econômico, no debate a portas fechadas a 300 quilômetros da Cidade do México. Admitiu-se que os EUA não poderiam sozinhos ser a locomotiva da conjuntura mundial. Mas argumentou-se que o déficit de sua balança de pagamentos também não deveria, por si só, afetar o euro e outras moedas menores.

Depois do fracasso da rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, o G-20 exigiu que as conversações iniciadas em Doha sejam concluídas até o final de 2004, segundo o ministro alemão. Para isso, elas teriam que ser reiniciadas ainda este ano, o que é pouco provável. "Para todos nós ficou claro que o comércio mundial é um fundamento para o bem-estar de toda a Terra", disse Eichel. O secretário do Tesouro americano, John Snow, foi um dos que defenderam a retomada das negociações, embora o assunto não integrasse a agenda da conferência.

Paraíso fiscal

- O G-20 apoiou também a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em sua luta contra os paraísos fiscais. "Houve uma grande concordância de que os paraísos ficais, que ganham dinheiro com sonegação de imposto de renda por parte de seus clientes de outros países, fazem tais negócios de maneira consciente e não podem ser aceitos", disse o ministro alemão.

A Alemanha assumirá a presidência rotativa do G-20 no final do ano, no lugar do México. E a discussão sobre medidas para eliminar e prevenir crises financeiras internacionais deverá prosseguir na próxima conferência dos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do grupo em Berlim, de 19 a 21 de novembro de 2004. Afinal, a meta do grupo criado há quatro anos é uma cooperação mais estreita para estabilizar o sistema financeiro internacional.