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DaimlerChrysler acusada de crime na Argentina

Steffen Leidel / pc14 de janeiro de 2004

Famílias de funcionários da montadora alemã que foram mortos ou desapareceram na época da ditadura militar argentina (1976-1983) vão processar a montadora alemã nos Estados Unidos.

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Foto: AP

A queixa-crime foi apresentada nesta quarta-feira (13/01) a um Tribunal Federal de São Francisco, no Estado da Califórnia. Várias leis americanas – inclusive a Torture Victims Protection Act, de 1992 – permitem que estrangeiros, vítimas de crimes contra os direitos humanos, processem empresas multinacionais em tribunais dos Estados Unidos.

Neste caso específico, trata-se de 15 funcionários da Mercedes Benz da Argentina que foram seqüestrados e assassinados pelo regime militar entre 1976 e 1977. Eles teriam sido denunciados aos militares argentinos por altos funcionários da empresa, entre eles o diretor de produção, Juan Tasselkraut.

As denúncias baseiam-se na pesquisa realizada pela jornalista alemã Gaby Weger e em depoimentos de sobreviventes. Os familiares das vítimas desaparecidas – esposas, irmãos e filhos – estão exigindo que a DaimlerChrysler os indenize pelos danos psíquicos.

O montante da indenização terá de ser estipulado durante o processo, explicou à DW-WORLD Daniel Kovalik. Ele e seu colega Terry Collingsworth são os dois advogados que estão defendendo os interesses dos parentes das vítimas.

DaimlerChrysler contesta

A DaimlerChrysler criou uma comissão, chefiada pelo jurista alemão Christian Tomuschat, que apresentou relatório em dezembro de 2003, isentando a montadora de responsabilidade no desaparecimento dos seus funcionários.

Entretanto, o próprio Tomuschat admitiu que a empresa forneceu fotos de funcionários posteriormente desaparecidos às autoridades de segurança. Um dos funcionários mortos pelos militares, Esteban Reimer, foi denunciado como agitador, mas Tomuschat nega que a Mercedes Benz da Argentina seja culpada pela sua morte.

Conforme o advogado Daniel Kovalik, esses fatos já são suficientes para processar a multinacional alemã nos tribunais americanos. Processos semelhantes já foram movidos nos Estados Unidos contra o criminoso de guerra sérvio Radovan Karadzic e o ex-premiê chinês Li Peng.

Acionistas apóiam o processo

A Associação dos Acionistas Críticos da DaimlerChrysler, que apoiou a investigação do caso, está fazendo pressão para que os descendentes e sobreviventes dos funcionários desaparecidos sejam indenizados, conforme o diretor da entidade, Henry Matheus.

A DaimlerChrysler tem rejeitado até agora um acordo fora dos tribunais e qualquer envolvimento no desaparecimento dos funcionários da Mercedes Benz da Argentina.