1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Depois do reajuste salarial, medo do desemprego

(am)10 de janeiro de 2003

Terminaram as negociações do reajuste salarial para os contratados do serviço público na Alemanha. Mas o acordo firmado evoca agora o fantasma das demissões em massa por falta de verba.

https://p.dw.com/p/37TU
O líder sindical F. Bsirske (esq.) e o ministro Otto SchilyFoto: AP

As negociações de reajuste salarial dos contratados no serviço público foram longas e difíceis. E sempre acompanhadas pela ameaça de uma greve geral da classe. As posições divergiam enormemente e o sindicato Ver.di exigia um mínimo de 3% de aumento. Só após uma maratona de quase 30 horas contínuas de conversações, em Potsdam, é que foi possível lograr um consenso e evitar uma greve que teria sido catastrófica.

Os contratados do serviço público receberão um aumento de salário em três parcelas, equivalendo no final a um reajuste de 4,4%. Com isto, o sindicato Ver.di e seu presidente Frank Bsirske podem considerar-se praticamente os vencedores da contenda.

Mas o triunfo sindical pode transformar-se rapidamente numa vitória de Pirro: ao contrário dos funcionários públicos, os contratados do serviço público não gozam de estabilidade e podem ser demitidos, caso falte à União, aos Estados e municípios a verba para manter o mesmo quadro de pessoal contratado até agora.

Cem mil demissões

Uma das primeiras reações negativas ao acordo coletivo foi do vice-presidente da Confederação Alemã das Indústrias (BDI), Hans-Olaf Henkel. Em entrevista a uma emissora de televisão, Henkel não se fez de rogado, analisando detalhadamente as prováveis conseqüências do aumento salarial. Segundo seu cálculo, o serviço público alemão em seu todo terá de demitir cerca de 100 mil pessoas.

Entre os partidos da oposição, as reações também foram negativas. Segundo a presidenta da União Democrática Cristã (CDU), Angela Merkel, foi evitada uma greve de conseqüências imprevisíveis, mas pagou-se um preço elevadíssimo para isto. O presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Guido Westerwelle, criticou os representantes patronais nas negociações de reajuste – liderados pelo ministro do Interior, Otto Schily. Segundo Westerwelle, eles teriam cedido à "chantagem do sindicato Ver.di".

Redistribuição de recursos

O superintendente da Associação Alemã dos Municípios, Gerd Landsberg, calcula que o reajuste salarial representará um aumento das despesas de pessoal em cerca de 2% para as folhas de pagamento. Em face da situação já agora calamitosa dos cofres públicos municipais, ele considera impossível o cumprimento do acordo firmado, sem o apoio da União. Isto poderia ocorrer através de uma redistribuição das receitas tributárias entre as administrações federal, estaduais e municipais, sugere Landsberg.

Um número cada vez maior de autoridades estaduais e municipais também se junta ao coro dos protestos, anunciando a impossibilidade financeira dos cofres públicos em cumprir os compromissos assumidos. O secretário das Finanças do Estado da Renânia-Palatinado, Gernot Mittler, deixou claro que o acordo celebrado em Potsdam "não é nenhuma contribuição para manter os empregos existentes no serviço público".

Outros foram bem mais concretos. Como o prefeito de Magdeburg, Lutz Trümper, que já anunciou o corte de 400 até 500 empregos no serviço público municipal até o ano de 2006. Somente assim, afirma ele, é que poderá cumprir as determinações da Câmara Municipal de manter estáveis os gastos de pessoal em Magdeburg.