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Desastre aéreo no Sinai gera guerra de versões

5 de novembro de 2015

Reino Unido e EUA apontam possibilidade de bomba como causa da queda de Airbus na Península do Sinai. Egito afirma que investigadores ainda não encontraram evidências para tal hipótese, que Moscou chama de "especulação".

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Investigadores averiguam destroços do avião russo encontrados no SinaiFoto: picture-alliance/dpa/A. Maltsev

Após o Reino Unido afirmar haver uma possibilidade significativa de que uma bomba provocou a queda de um avião na Península do Sinai no último fim de semana, Egito e Rússia disseram nesta quinta-feira (05/11) ainda ser muito cedo para confirmar tal hipótese.

"A equipe de investigadores ainda não tem nenhuma evidência ou dado confirmando essa hipótese [da bomba]", disse o ministro da Aviação Civil egípcio, Hossam Kamal, em comunicado. Ele ressaltou que o Egito adere a padrões internacionais de segurança em todos os seus aeroportos.

Moscou, por sua vez, afirmou que, por enquanto, a hipótese de uma bomba ter causado o desastre não passa de especulação e que apenas uma investigação oficial pode determinar o que aconteceu.

"Até o momento, não ouvimos nada [do tipo] dos investigadores. Quaisquer afirmações desse tipo são baseadas em informações que não foram verificadas ou são especulação", declarou Dmitri Peskov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin.

O Airbus da empresa russa Kogalymavia caiu no último sábado 23 minutos após decolar do balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, matando todas as 224 pessoas a bordo.

Um possível ataque a bomba como causa da tragédia é um assunto delicado tanto para o Egito, que depende fortemente do turismo, quanto para a Rússia, que vem realizando ataques aéreos na Síria em apoio ao presidente Bashar al-Assad e contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).

Um grupo radical egípcio sediado no Sinai e aliado do EI reivindicou responsabilidade pela queda do avião no Sinai, dizendo tê-lo derrubado em resposta à intervenção militar russa na Síria. O Egito desmentiu a afirmação, chamando-a de "propaganda".

Após o Reino Unido, fontes de segurança dos EUA e da Europa também disseram haver evidências de que uma bomba colocada por um grupo afiliado do EI seria a provável causa do desastre no Sinai. As fontes, no entanto, afirmaram ainda não terem chegado a conclusões definitivas sobre o incidente.

A Rússia enviou investigadores ao local da queda do avião para ajudar as equipes egípcias. O ministro dos Transportes russo, Maxim, Sokolov, afirmou que as primeiras gravações das caixas-pretas da aeronave foram recebidas por especialistas.

Impacto para o turismo

Após o desastre, uma série de empresas turísticas suspendeu pacotes para os resorts de praia no sul da Península do Sinai. Analistas alertaram sobre um dano duradouro para um setor-chave da economia egípcia.

Nesta quarta-feira, o Reino Unido e a Irlanda suspenderam temporariamente voos de e para o aeroporto de Sharm el-Sheikh. O ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, disse esperar que os cerca de 20 mil turistas britânicos que se encontram no balneário sejam levados de volta para casa a partir desta sexta-feira, após a implementação de medidas para reforçar a segurança no aeroporto. Autoridades egípcias condenaram a suspensão dos voos como uma reação exagerada.

Nesta quinta-feira, a companhia aérea alemã Lufthansa também anunciou a suspensão de voos, efetuados por suas subsidiárias Eurowings e Edelweiss Air, para o aeroporto de Sharm el-Sheikh. Voos para o Cairo continuarão operando.

O desastre aéreo do último sábado é o último de uma série de acontecimentos que minaram a confiança na segurança no país. Em setembro, oito turistas mexicanos foram mortos por engano por forças de segurança egípcias no Deserto Ocidental.

LPF/rtr/ap/afp