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Desempregados são iscas fáceis para vigaristas

lk6 de janeiro de 2004

A difícil busca por uma nova colocação faz de desempregados vítimas freqüentes de trapaceiros que se aproveitam de sua boa-fé para encher os próprios bolsos, revela a revista "Der Spiegel".

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Candidata estuda anúncios em Delegacia do TrabalhoFoto: AP

Os casos seriam apropriados para provocar reações da mais pura incredulidade, não fossem eles narrados pela conceituada revista Der Spiegel, em artigo sobre fraudes e contos-do-vigário de que os desempregados se tornam vítimas com freqüência cada vez maior na Alemanha. E, o que é mais incrível ainda, dentro dos parâmetros oficiais do agenciamento de empregos e com a intermediação das delegacias de trabalho, que nada podem ou querem empreender contra os que se aproveitam da emergência em que se encontra alguém em busca de emprego.

De firmas fantasmas...

Existe o exemplo de uma empreiteira que se lançou no mercado em Berlim com o propósito de construir um conjunto de sobradinhos. Para conquistar o interesse e a confiança de investidores, chegou a contratar, por meio da Delegacia Regional de Trabalho, profissionais da construção. Mal o investidor entrou com o pagamento da primeira parcela para iniciar os trabalhos, o diretor da firma, que só tinha como endereço uma caixa postal, desapareceu com o dinheiro. Investidor e profissionais contratados ficaram a ver navios. Para os funcionários da Delegacia de Trabalho, estes tiveram apenas "azar". Mas Frank Schäfer, que assessora desempregados em Leipzig, no Leste da Alemanha, sabe que quanto mais tempo as pessoas passam em busca de trabalho, mais dispostas elas ficam a aceitar qualquer emprego que apareça, sem se interessar por informações sobre a empresa que está por trás da oferta.

...e pseudo-empregadores

Outro exemplo é o da empresa comercial que funciona pelo sistema de rede e busca, também através da Delegacia de Trabalho, publicitários para cuidar de seu site na internet. Esta é uma categoria em que o número de desempregados é enorme, e as centenas de candidatos que se inscrevem para as vagas de "emprego fixo" acabam sendo obrigados a pagar centenas de euros adiantados por um seminário de qualificação, do qual saem carregando uma pasta de materiais e instruções para atuarem como vendedores da empresa à base de provisão.

Mesmo o portal criado recentemente pelo presidente da Agência Federal do Trabalho, Florian Gerster, para o agenciamento de empregos pela rede acaba facilitando o trabalho de trapaceiros, que têm assim acesso a listas de pessoas em busca de ocupação ou podem lançar anúncios gratuitos oferecendo empregos que não existem.

Se correr o bicho pega...

As delegacias de trabalho afirmam controlar a seriedade das vagas oferecidas por seu intermédio, mas a verdade é que ficam sobrecarregadas diante da massa de desempregados e da complexidade do mercado de trabalho. Mesmo nos casos em que se convencem da má-fé e tomam providências, os trapaceiros acabam levando a melhor. Costumam retornar com novas ofertas aparentemente sérias, mas que só têm por fim encher os próprios bolsos.

Além disso, as novas regras introduzidas no âmbito da reforma do mercado de trabalho só contribuíram para agravar a situação, afirma Frank Schäfer. A pessoa registrada como desempregada está de agora em diante sujeita a ter o pagamento de seu seguro-desemprego suspenso por três meses, se ela recusar um emprego que lhe for oferecido. Pouco mais lhe resta, portanto, senão submeter-se às regras do jogo, na esperança de conseguir um emprego de verdade.