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Deutsche Telekom precisa apertar mais o cinto

av22 de agosto de 2002

O sorriso diante da catástrofe: o presidente interino da Telekom apresentou com otimismo o balancete do primeiro semestre, apesar do déficit sem precedentes. A imprensa alemã preocupa-se com a situação da multinacional.

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Acionistas da Telekom têm motivos de preocupaçãoFoto: AP

A Deutsche Telekom entra em curso de poupança total: seu balancete semestral apresentou um prejuízo recorde de 3,9 bilhões de euros. "Não haverá vacas sagradas, tudo será posto à prova", prometeu Helmut Sihler, presidente interino do maior grupo de telecomunicações da Europa, nesta quarta-feira (21), em Bonn. Ao que tudo indica, os cortes de pessoal ultrapassarão as 22 mil vagas em três anos, como ficara acertado com os sindicatos.

O principal motivo para os números negativos seriam os gastos com as novas subsidiárias: estes atingem, por exemplo, 2,3 bilhões de euros, somente com a empresa de telefonia móvel norte-americana VoiceStream. Segundo Sihler, a meta principal é encontrar uma estratégia para desbastar as dívidas da Telekom, dos atuais 64 bilhões de euros até 50 bilhões até o fim de 2003. Tal estratégia se basearia em três pontos principais: aumento de eficiência, economia e redução de dívidas.

O diretor de finanças, Karl-Gerhard Eick, admitiu que o planejamento ainda apresenta uma lacuna de quatro a sete bilhões de euros. A redução de custos materiais e os cortes de pessoal já deverão representar uma economia de 1,5 bilhão de euros. Assim, a ampliação da central da Telekom em Bonn foi provisoriamente suspensa.

Eick admitiu, contudo, que outras medidas se farão necessárias, além da venda das participações da Telekom. Uma possibilidade seria a entrada na bolsa da subsidiária T-Mobile, de telefonia móvel, que vem sendo planejada há dois anos. A T-Mobile foi, mais uma vez, a principal responsável pelos aspectos positivos do balancete: Sihler acredita que ela possa consolidar ainda mais a liderança de mercado na Alemanha, e até fincar pé nos Estados Unidos.

Cronograma generoso

Sihler quer permitir-se tempo, tanto para a procura de seu sucessor como para decidir o destino das subsidiárias no exterior. Ele substitui no momento Ron Sommer, que renunciou há cinco semanas. As conversas com os possíveis candidatos à presidência deverão começar em setembro, e a apresentação da estratégia relativa à VoiceStream e a outros casos semelhantes terá que esperar até novembro. "Precisamos chegar a decisões que funcionem a longo prazo": assim o executivo de 72 anos defendeu seu cronograma bastante tolerante.

Acima de tudo, ele se recusa a ver a Telekom como um caso de saneamento empresarial. Pelo contrário: os números dos primeiros seis meses de 2002 mostrariam que o conglomerado está no bom caminho. O faturamento da empresa cresceu quase 15%, chegando a 25,8 bilhões de euros, assim como o lucro bruto (sem descontar juros, impostos e gastos administrativos), que alcançou 7,8 bilhões de euros (+7,2%). De fato: o incremento do faturamento e do resultado operacional preenchem as expectativas dos analistas.

Os acionistas pagam o pato

Comentando a situação do gigante da telecomunicação européia, a imprensa alemã é unânime no conselho: presteza com as reformas internas. Além disso, o Westfalenpost critica a forma "diletante" como Sihler sucedeu Sommer. Mesmo sob a nova presidência, a Telekom continuaria "um canteiro de obras permanente", vivendo "de esperança". O jornal adverte: "Os pecados do passado – a aventura com o padrão UMTS e custosas incorporações – terão efeitos a longo prazo. O sucessor terá uma tarefa difícil".

O Stuttgarter Nachrichten afirma que, com este déficit bilionário, os acionistas da Telekom pagam o preço de uma "estratégia de crescimento arriscada e, até o momento, fracassada". Segundo o Rhein-Neckar Zeitung, os pequenos investidores precisarão de capacidade de resistência: a euforia das telecomunicações, responsável pelo salto das cotações da Telekom, já haveria passado, e não deverá voltar nos próximos três anos.

Efeitos das enchentes –

No momento, a empresa também sofre as conseqüências das enchentes no leste do país. Seu presidente anunciou prejuízos em torno de 100 milhões de euros, dos quais apenas uma parte é coberta pelo seguro. Cerca de cem mil telefones estão afetados pela catástrofe, porém o diretor técnico, Gerd Tenzer, assegurou que três mil funcionários estão de prontidão 24 horas por dia, a fim de reparar os danos.