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Dia da América Central em Bonn

Neusa Messias de Soliz19 de outubro de 2002

Presidentes, vices e ministros de vários países centro-americanos participaram de uma conferência em Bonn, na qual traçaram as perspectivas econômicas de seus países, em busca de investimentos estrangeiros.

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Presidente da Nicarágua, Enrique BolañosFoto: dpa

"A América Latina entre o euro e o dólar" foi o título da conferência organizada pela Associação Ibero-Americana, nesta sexta-feira (18) em Bonn. Realizado na antiga sede do Parlamento alemão, o evento em que a América Central teve a oportunidade de apresentar-se como região apta a atrair investimentos alemães contou com cerca de mil inscrições. Jürgen Harnisch, presidente da associação e da ThyssenKrupp Automotive, descreveu os progressos dos últimos anos em matéria de democratização, consolidação política e liberalização dos mercados.

Localização: a vantagem da América Central

A integração regional, no marco do mercado comum centro-americano, avançou, representando novos impulsos para o desenvolvimento econômico. O Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) foi criado em 1991, com o objetivo de transformar a região, assolada até há pouco tempo por guerras-civis e catástrofes naturais, numa região de paz, liberdade, democracia e desenvolvimento sustentável.

A América Central tem vários acordos de livre comércio com o México e até um plano comum para desenvolver grandes projetos de infra-estrutura além das fronteiras nacionais, o chamado Plano Puebla-Panamá. Sua proximidade à área do NAFTA, a zona de livre comércio da América do Norte, torna-a atraente para investidores em potencial. Também se discute a criação de uma zona de livre comércio com os Estados Unidos.

Investimentos diretos apesar da crise

Harnisch ressaltou que, apesar dos atuais problemas, a América Latina continua sendo um importante parceiro comercial da Alemanha. A Alemanha está em terceiro lugar em investimentos, após os Estados Unidos e a Espanha. No setor industrial, as empresas alemãs ocupam o segundo lugar, após as norte-americanas. As filiais e subsidiárias de empresas alemãs na América Latina produzem um volume quatro vezes maior do que todas as exportações da Alemanha para a região.

Embora esteja indo menos capital para a América Latina este ano, pelo menos a queda de investimentos diretos não será tão grave. Nos primeiros sete meses do ano, inclusive, o montante chegou a ser superior ao do mesmo período em 2001. Se a taxa média de crescimento econômico deve ficar em torno de 1,5% este ano, espera-se até 2,5% em 2003, se se concretizar o reaquecimento da conjuntura mundial.

Prioridade para renegociação da dívida externa

O embaixador do Equador em Berlim, Werner Moeller-Freile, que também é o representante do grupo de embaixadores latino-americanos na Alemanha, expôs as metas do desenvolvimento na América Latina, dando ênfase à luta contra a pobreza. Por mais rica que a região seja em recursos naturais e potencial humano, é preciso investimentos, infra-estrutura, tecnologia e formação da população para enfrentar os desafios da globalização, gerar riqueza e bem-estar.

Muito aplaudido, o embaixador equatoriano considerou a dívida externa um agravante digno de preocupação, à medida em que a pobreza insuportável de milhões é conseqüência do pagamento do serviço da dívida. Isso leva a um "desfinanciamento", ou seja, uma sangria que é uma das causas das crises, fazendo com que a economia latino-americana se debilite cada vez mais. Ele exigiu a renegociação da dívida e que os países credores reconheçam a prioridade.

Nesse contexto, lembrou Adenauer e a reconstrução da Alemanha no pós-guerra, especialmente o acordo sobre a dívida alemã de reparação de guerra, firmado em Londres em 1953. Pagando-a com cerca de 4% de suas exportações, a Alemanha saldou seus compromissos antes do esperado e conseguiu reconstruir sua economia.

Presidentes em Bonn

Procedentes de Berlim, onde se reuniram com o colega alemão Johannes Rau e o chanceler federal Gerhard Scrhöder, os presidentes da Nicarágua, Henrique Bolanõs Geyer, de Honduras, Ricardo Maduro, da Guatemala, Alfonso Portillo, a vice-presidente de Costa Rica, Linneth Saborio Cheverri, o vice-presidente do Panamá, Dominador Kaiser Bazán, e a ministra do Exterior de El Salvador falaram a seguir sobre as perspectivas econômicas de seus países, ressaltando principalmente a integração centro-americana, mas também as leis aprovadas que regulam, protegem e incentivam os investimentos estrangeiros. A Comunidade Andina esteve representada por um de seus diretores, o peruano Tomás Uribe.

Os estadistas e ministros almoçaram com a prefeita Bärbel Dieckmann na bela sede da prefeitura, onde se inscreveram no livro de ouro de Bonn. À tarde foi realizado o encontro empresarial sob a forma de workshops para empresários latino-americanos e alemães sobre temas específicos: turismo, finanças, energia, água, telecomunicações, infra-estrutura, indústria automobilística, automatização, agricultura, indústria química e farmacêutica.