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Diminui tolerância com migrantes

lk8 de setembro de 2003

O aumento da discriminação e da violência contra os migrantes é uma das conseqüências do 11 de setembro de 2001. Conferência em Viena apresentou reivindicações aos políticos.

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Muçulmanos são freqüentemente vítimas de violência verbal ou físicaFoto: Bilderbox

As manchetes sobre os atos de violência motivados pelo racismo e a xenofobia saíram da moda. No entanto, a situação dos migrantes nos países da União Européia agravou-se nos últimos tempos, a tolerância para com eles diminuiu, sua aceitação e integração deixam a desejar. Esta é uma das conseqüências dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington, constata Beate Winkler, diretora do Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia (EUMC), em Viena.

Todo o debate público após aquela data, que Winkler considera um "marco", acentua os aspectos ameaçadores. Ninguém se lembra mais de falar dos aspectos positivos relacionados com a migração, das chances contidas na diversificação cultural, étnica e religiosa de uma sociedade.

Quadro contraditório

Criado há três anos, o EUMC coleta informações fornecidas por uma rede espalhada por toda a UE, tendo estendido suas observações também aos futuros membros da comunidade. O quadro que resulta não é uniforme. Não é possível estabelecer um ranking de países mais ou menos tolerantes, acentua Winkler.

Pelo contrário, a sociedade polarizou-se, após os atentados terroristas, em especial perante os muçulmanos e os judeus. Por um lado, eles se tornaram alvos de ataques verbais ou físicos. Por outro, aumenta o número de iniciativas da sociedade civil que trabalham em prol de um maior entendimento entre cristãos e islâmicos, bem como de órgãos da mídia empenhados numa cobertura objetiva e informativa dos acontecimentos.

A Alemanha constitui uma exceção positiva à tendência generalizada de aumento da violência contra os estrangeiros: o número de delitos racistas e anti-semitas no país diminuiu.

Políticos nem sempre o melhor exemplo

A linha não é uniforme nem mesmo entre os políticos europeus, lembra a diretora do EUMC. Ao lado dos que se empenham por uma linha moderada e de compreensão em relação aos representantes de outras culturas, há o exemplo do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, com sua polêmica declaração sobre a "supremacia da cultura ocidental sobre a islâmica".

O problema maior é que as declarações de políticos têm influência sobre a formação da opinião pública. Winkler lamenta principalmente que os políticos estejam desperdiçando a chance de um debate positivo, diante dos problemas dos sistemas de seguridade social na Europa decorrentes do desenvolvimento demográfico. "Muitos estudos comprovam que os migrantes não tiram o emprego da população, mas sim que contribuem para a criação de novos postos de trabalho", lembra.

Em conferência realizada em Viena e de cuja organização o EUMC participou, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) promoveu não apenas um debate sobre a situação com os 300 participantes de 55 países. Um dos objetos principais do evento foi apresentar reivindicações aos políticos, principalmente a de implementação de diretrizes antidiscriminação em todos os países da UE.