Do rap ao funk

Baile popular

Ao vivo, o Rammstein sempre abusou de efeitos pirotécnicos, muitas luzes e figurino para apresentar um show de opulência e provocação. Por mais que sua música muitas vezes não seja lá tão diferente se comparada à de outras bandas de metal, esteticamente eles sempre foram alvo de críticas por abusarem de elementos descarada ou disfarçadamente fascistas.

O recém-lançado Völkerball (disponível em CD e DVD) está aí para mostrar que a banda obviamente não se importa com os alertas enviados pelos críticos, dando ainda mais pano pra manga ao abusar de uma estética que por vezes lembra a dos filmes de Leni Riefenstahl sobre a convenção do partido nazista (NSDAP) de 1934 e os Jogos Olímpicos de 1936.

O disco reúne uma colagem de imagens feitas durante shows da turnê Reise, Reise em Moscou, Tóquio, Londres e no anfiteatro romano de Nîmes, na França. Foram lançadas três versões, com respectivamente dois, três ou quatro discos. Além do CD e do DVD com os shows, as edições especiais incluem entrevistas, documentários e um making of do álbum.

*

Aluga-se quarto para popstar

Três amigos e agora empresários inauguraram um estabelecimento um tanto original no bairro berlinense de Kreuzberg: uma pensão para bandas e músicos que passam pela cidade durante suas turnês e preferem um quarto limpo a ter que dormir num ônibus de viagem.

A Rock'n'Roll Herberge possui apenas sete quartos, todos decorados individualmente. Nos corredores estão penduradas fotos de estrelas do rock e há um bar com sinuca, fliperama e pebolim. No futuro, os donos planejam organizar DJ-sets e shows para um público pequeno.

Mas a barulheira se resume ao bar. Os donos lembram que este, como qualquer outro hotel, é um lugar de descanso. Por isso, todas as paredes foram acusticamente isoladas. O pernoite vai de 25 euros para um quarto individual até 69 euros para um quarto com quatro camas, inclusive café da manhã. Vale lembrar: a pensão aceita também hóspedes comuns.

*

PopCamp: treinamento para artistas

Chegou ao fim em novembro mais uma edição do PopCamp, no qual cinco novas bandas alemãs receberam a chance de ir à escola e aprender com bam-bam-bans do setor como é que se faz música profissionalmente, da maquiagem ao estúdio.

A princípio, todos os competidores receberam ajuda para montar um kit de imprensa com material ao vivo e em estúdio. Com base nisso, a organização escolheu as cinco bandas que foram então confinadas por duas semanas inteiras com um time de músicos, produtores, engenheiros de som, figurinistas, coreógrafos etc.

No começo do mês, os cinco artistas – o duo de hiphop The Titans, a banda punk Pristine, os jazzistas do K.ill Y.our D.arling e as bandas pop Hotel e Erik & Me – tocaram ao vivo num show em Berlim para mostrar o que aprenderam.

Na página seguinte: as diversas personalidades de Jan Delay.

Jan Philipp Eissfeldt é conhecido na Alemanha como Jan Delay. Mas também como Eizi Eiz, DJ Flashdance, DJ Mixwell, Delay Lama e Sir Dance-a-Lot, entre vários outros codinomes que condizem com suas variadas influências.

Em 1986, enquanto artistas como Nina Hagen, Nena e Rio Reiser descobriam como era bom compor na própria língua, sua mãe, recém-chegada de uma viagem a Nova York, lhe falou pela primeira vez de um novo estilo musical chamado rap. Foi assim que o pequeno Jan descobriu Run DMC e Public Enemy, e, aos 13 anos, criou com um colega um fanzine de rap.

Em 1992, assumiu a identidade de Eizi Eiz ao montar com amigos a banda Absolute Beginner, obcecados pela idéia de gravar rap em alemão – objetivo facilitado pela proximidade à cena de Hamburgo, reconhecida capital alemã do hiphop. O sucesso comercial só veio em 1998 com o terceiro álbum, Bambule.

Em 1999, Jan foi convidado por Herbert Grönemeyer, uma espécie de Bob Geldof alemão, a participar da coletânea POP 2000, para a qual contribuiu com uma inacreditável versão reggae de “Irgendwie, irgendwo, irgerndwann”, da Nena.

Desde então, todos se lembram dele. Aos poucos, Jan se estabeleceu como uma das figuras mais importantes e variadas do rap/reggae alemão e seu primeiro álbum solo convenceu crítica e público.

Inconfundível com sua voz monotônica e nasalada, escondido por trás de bonés e óculos escuros, Jan Delay mistura “a atitude do punk, o estilo do jazz, os graves do reggae e as batidas do rap”. Com seu recém-lançado segundo álbum solo, Mercedez Dance, ele agora experimenta com o funk – em alemão, claro.

No primeiro videoclipe do novo álbum, “Klar”: Jan e amigos se reúnem para uma festa numa casa vazia, em trajes de gala, chapéus e vestidos brilhantes em meio a móveis velhos, instrumentos de sopro, vocais de soul e clima de festa de swing. O detalhe é que a casa vai sendo demolida enquanto rola a festa.

Também imperdível é o vídeo de “Für immer und Dich” (Para sempre e para você), no qual Jan leva um elefante para passear pelas ruas de Berlim. Os dois fogem da polícia, Jan compra amendoim para o amigo, eles sentam para descansar e apreciar a paisagem em frente a um lago e o elefante até acompanha Jan quando ele pára para fazer xixi numa árvore. Até que o elefante encontra companhia melhor.

Está tudo no site, dá uma olhada!