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Doença real pode precipitar troca de geração na Arábia Saudita

Anne Allmeling (av)3 de janeiro de 2015

O nonagenário rei Abdullah é um dos monarcas mais idosos do mundo. Como eventuais sucessores, ele nomeou dois de seus irmãos. O problema é que ambos não são muito mais novos do que ele.

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Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud: idade do rei é tema de polêmicaFoto: Reuters/Brendan Smialowski

Desde o último dia de 2014, o rei Abdullah da Arábia Saudita vem sendo tratado num hospital da capital, Riad. Embora não se trate de algo fora do comum, para alguém com provavelmente mais de 90 anos (a idade exata de Abdullah é objeto de controvérsia), a notícia colocou em alerta os observadores da região do Golfo Pérsico.

Fato é que a saúde do monarca ancião está estreitamente relacionada à passagem de geração na casa real saudita, cujos dois príncipes herdeiros já circulam pelos 80 e 70 anos, respectivamente.

Ao morrer, em 1953, o fundador do terceiro Estado saudita, Abd al-Aziz Ibn Saud, deixou mais de 40 filhos homens, de numerosas mães. Desde então, cada um dos herdeiros é sucedido no trono pelo irmão mais velho, contanto que este esteja disposto e capaz de governar.

Conflitos de interesses

Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud lidera a Arábia Saudita desde a morte, em 2005, de seu meio-irmão Fahd, cujas responsabilidades de condução de governo ele já vinha assumindo há vários anos, pelo fato de a saúde de Fahd estar seriamente debilitada.

Muitos dos filhos de Ibn Saud já estão mortos – inclusive Sultan e Naif, originalmente previstos como sucessores de Abdullah. Assim, há muito os netos aspiram à coroa, embora alguns tenham até mais idade do que os filhos mais novos do fundador do Estado.

No entanto, até agora a transmissão da coroa à geração seguinte não ocorreu. Um dos motivos é a falta de um consenso a esse respeito entre a família real saudita.

No passado, houve diversos conflitos em torno da sucessão, com diferentes grupos tentando impor seus interesses. Um deles são os assim chamados "Sete de Sudairi". Até a morte do último deles, o grupo de sete irmãos, a que também pertenciam Fahd, Sultan e Naif, era tido como especialmente poderoso.

Em 2007, Abdullah encarregou uma comissão de definir o herdeiro do trono, em caso de sua morte ou doença. Contudo, a extensão real do poder dessa comissão não é bem clara – da mesma forma que muitas decisões políticas na conservadora casa real.

Hadsch in Medina
Arábia Saudita: reino próspero e conservadorFoto: picture-alliance/dpa/epa/M.Mounzer

País jovem, liderança cada vez mais velha

No maior Estado do Golfo, reformas levam longo tempo para se concretizar. Por um lado, isso se deve ao fato de muitos dos envolvidos já serem bastante idosos. A constante busca de um consenso também torna o processo ainda mais lento.

Embora a Arábia Saudita seja uma monarquia absoluta, isso também significa que os familiares são corresponsáveis pelas decisões mais importantes, e que os príncipes precisam estar basicamente de acordo. Tal consenso é cada vez mais difícil na família intensamente ramificada, contando centenas de membros.

Enquanto a liderança política saudita envelhece, o país é relativamente jovem, com dois terços de sua população abaixo dos 25 anos de idade. No contexto da Primavera Árabe, a situação na Arábia Saudita permanece relativamente calma. A imensa riqueza proporcionada pelo petróleo permitiu à monarquia seguir garantindo o bem-estar.

Beginn Pilgerfahrt Hadsch in Mekka 30.09.2014
Mulheres sauditas seguem sendo cidadãs de segunda classeFoto: AFP/Getty Images/M. Al Shaikh

Entretanto, não há como ignorar as tensões dentro da sociedade, por exemplo, no que tange a religião, os direitos femininos e a participação política. Muitos desses problemas são discutidos nas redes sociais, em especial pela geração mais jovem. Enquanto isso, porém, a futura liderança do reino continua uma total incógnita.