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Crise do euro

12 de outubro de 2011

Para presidente da Comissão Europeia, governos devem assegurar liquidez a bancos, caso estes não consigam recursos junto a investidores privados. Mas dinheiro estatal não poderá ser usado para pagar dividendos ou bônus.

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Governos devem salvar bancos, defende Barroso
Governos devem salvar bancos, defende BarrosoFoto: picture alliance/dpa

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, exigiu uma ação coordenada para salvar os bancos do continente, a fim de evitar um colapso financeiro no bloco europeu. Em discurso no Parlamento Europeu nesta quarta-feira (12/10), Barroso afirmou que o dinheiro do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) também deve ser usado para recapitalizar os bancos, caso seja necessário.

Na opinião do presidente da Comissão, os bancos devem primeiramente tentar contornar sozinhos sua falta de liquidez, buscando a princípio recursos privados. Ele defende, no entanto, que os governos garantam o suporte onde os investidores não apareçam.

"Se este suporte não estiver disponível, a recapitalização deve ser possibilitada com recursos do fundo", afirmou o português. "A confiança [dos investidores] pode ser restabelecida por meio do acionamento de todos os meios disponíveis para solucionar a crise".

Bancos na mira

Diante de uma crise de endividamento sem precedentes que atinge principalmente a Grécia, Portugal e Irlanda, os títulos públicos estão sob forte ameaça de desvalorização.

Dexia foi desmantelado para evitar falência
Dexia foi desmantelado para evitar falênciaFoto: AP

A ação para assegurar a estabilidade dos bancos, que investiram em tais títulos, deve ser baseada em uma avaliação rigorosa da saúde financeira da instituição.

Segundo a proposta de Barroso, caso recebam recursos do fundo de estabilização, os bancos não podem usar o dinheiro para pagar dividendos ou bônus.

Nesta segunda-feira (10/10), o banco franco-belga Dexia, a primeira vítima da crise na zona do euro, precisou receber ação direta dos governos da Bélgica, França e Luxemburgo. Para evitar sua falência, os três países desmantelaram o banco e anunciaram a criação de um banco residual, ou "banco podre", com os ativos tóxicos. A parte belga foi comprada pelo governo do país por 4 bilhões de euros.

Antecipação do MEEF

Barroso pediu ainda aos líderes europeus que aprovem a antecipação do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF), para meados de 2012. O mecanismo estava previsto para entrar em vigor somente um ano mais tarde. Para Barroso, ele será importante para ajudar de maneira "decisiva" a economia da Grécia.

O presidente da Comissão Europeia quer que os líderes dos governos europeus apoiem essa ideia no próximo encontro do bloco, marcado para o dia 23 de outubro.

Barroso defendeu antecipação de MEEF para 2012
Barroso defendeu antecipação de MEEF para 2012Foto: picture-alliance/dpa

Entre as suas propostas estão também o fortalecimento da Comissão Europeia e do Conselho Europeu – organismo que prepara os encontros dos ministros europeus – dando a eles mais poderes para intervir na preparação dos orçamentos dos países-membros da UE e no monitoramento de sua execução.

Em recente entrevista a uma revista alemã, Barroso havia defendido maiores poderes para a Comissão, afirmando que os europeus só conseguirão ser "mais convincentes" no cenário mundial com instituições fortes. Na ocasião, ele fez duras críticas aos líderes europeus, acusando-os de terem sido "negligentes em suas responsabilidades".

Críticas do setor financeiro

A Associação dos Bancos Privados Alemães (BdB) criticou duramente as propostas do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, com vista a uma recapitalização dos institutos financeiros europeus, para que possam acalmar os mercados de Estados em dificuldades.

O diretor da associação, Michael Kemmer, criticou a pressa e a inquietação de Barroso. "A associação de bancos considera essa sugestão como imprópria, porque ela não combate as causas da atual crise de endividamento estatal", disse Kemmer nesta quarta-feira em Berlim.

Para o presidente da BdB, a proibição de pagar dividendos ou bônus, caso recebem capital estatal, torna os bancos pouco atraentes para investidores nos mercados financeiros. Além disso, segundo Kemmer, os bancos já teriam se recapitalizado e estariam mais resistentes que anteriormente.

MS/rtr/afp/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque