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Durma-se com um barulho destes

rw28 de março de 2004

Novas tecnologias podem reduzir à metade ruídos provocados pelos aviões. Segundo estudo do centro aeroespacial alemão DLR, barulho das aeronaves atrapalha o sono bem menos do que se imaginava.

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Foto: Flughafen Köln/Bonn

Há cinco anos o centro aeroespacial alemão DLR estuda a influência da poluição sonora no sono dos moradores nas vizinhanças de aeroportos e busca soluções. Já se constatou, por exemplo, que os aviões estão se tornando desde 1978 cada vez mais silenciosos, conforme observações feitas no aeroporto de Düsseldorf, no oeste alemão. O avanço vem tendo entre suas conseqüências a urbanização de áreas próximas ao aeroporto.

Por outro lado, o aumento da quantidade de vôos charter ou de carga, com decolagens e aterrissagens geralmente tarde da noite ou de madrugada, retira os ganhos na luta contra a poluição sonora das aeronaves. A solução para o problema seria turbinas realmente mais silenciosas.

Também outras alterações na aerodinâmica da fuselagem, que podem se tornar realidade em até dez anos, diminuiriam os ruídos em até seis decibéis. Pousos e decolagens em ângulos mais acentuados permanecem uma realidade distante, mas segundo os cientistas alemães poderiam atenuar os ruídos em três decibéis. Outra solução sugerida é aumentar a taxação sobre aviões barulhentos, uma tarefa para o governo, mas que não resolveria a raiz do problema.

Mesmo que a indústria aeronáutica comece a pôr em prática as sugestões dos pesquisadores, deve levar mais de 30 anos até que seus efeitos possam ser sentidos por nossos ouvidos. Tanto tempo — correspondente à vida útil de um avião — deve durar até que a atual geração de aeronaves seja substituída por uma nova.

Pesquisa com resultados surpreendentes

Durante cinco anos, o centro aeroespacial alemão, em Colônia, examinou as reações humanas ao barulho de aviões. As pessoas que serviram de cobaia foram minuciosamente examinadas enquanto dormiam. Observou-se desde o movimento de seus olhos até as freqüências respiratória e cardíaca, fazendo-se ainda coleta de urina para teste na manhã seguinte.

O teste foi realizado durante mais de duas mil noites, com 192 moradores das proximidades de aeroportos, e teve como objetivo verificar como o ser humano reage quando submetido a barulho durante o sono. O problema já começa com a forma como se registra o barulho, explica Alexander Samel, que coordenou o estudo.

"Muitos acham positivo o barulho de um concerto de rock, enquanto a mesma quantidade de decibéis de ruído de turbinas é interpretado como incômodo", explica Samel. Sem falar de casos extremos, em que pessoas se sentem perturbadas com o "excesso de silêncio".

Em circunstâncias normais, uma pessoa acorda até 25 vezes por noite, sem ter consciência disto na manhã seguinte. Até fazerem o estudo, os cientistas acreditavam que o barulho noturno causava estresse nas pessoas, o que poderia ser medido com a quantidade de adrenalina e noradrenalina no sangue.

Mas, para surpresa dos pesquisadores do DLR, a produção de hormônios de estresse foi mínima e as cobaias dormiram, em média, apenas dois minutos a menos que outras pessoas. Interessante a destacar é o limite de barulho capaz de interromper o sono: a partir de 33 decibéis diretamente no ouvido da pessoa-teste.

Fortes críticas aos resultados

Logo depois da publicação dos resultados desta pesquisa, começaram a pipocar críticas. Helmut Breidenbach, representante dos moradores vizinhos ao aeroporto de Colônia, reclama do fato de os participantes dos testes terem sido apenas pessoas "saudáveis" entre 18 e 65 anos. Ele criticou também a forma como a pesquisa foi realizada, por não ter se preocupado com fatores de risco como a pressão sangüínea.

Também o professor de Física Joe Buchholz não considera representativo o número de participantes: "Deveriam ter sido examinadas muito mais que 192 pessoas. Além disso, não podemos ignorar a grande quantidade de gente que reclama de distúrbios do sono perto de aeroportos. Elas não podem ser acusadas de estar simplesmente simulando, é preciso levar em conta também fatores psicológicos", observa Buchholz.