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E as crianças, onde ficam?

Kristine Ziwica (ms)29 de julho de 2004

Na Alemanha, há pouquíssimas pessoas e instituições que tomam conta de crianças pequenas. Políticos tentam agora minimizar a grave situação. Pais e especialistas estão um tanto céticos.

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Faltam creches no paísFoto: BilderBox

Achar um lugar ou alguém para tomar conta de crianças de 0 a 3 anos é um problema na Alemanha. Pais com filhos nesta faixa etária têm que batalhar muito para conseguir um lugar em uma creche. A situação é tão dramática que em alguns casos as creches já aceitam reservar uma vaga antes mesmo de a criança nascer.

Ciente deste problema, que já existe há anos, a ministra da Família, Renate Schmidt, destinou 1,5 milhão de euros para a criação de 200 mil creches no país até o ano de 2010. Para muitos, esta medida ainda é insuficiente. Muitos pais também estão céticos.

Visão de lá e de cá

Os números falam por si: no Leste da Alemanha, 36% das crianças com menos de três anos têm um vaga em uma creche. No lado ocidental, são apenas 2,7%. A enorme disparidade é explicável.

O número maior de instituições infantis no Leste é uma herança do regime comunista. O sistema da ex-RDA encorajava as mães a exercer uma profissão fomentando creches para os pequenos.

Mutter mit Kind
Mãe com seu filhoFoto: das-fotoarchiv.com

No resto da Alemanha, deixar pessoas estranhas tomando conta de crianças não era uma prática muito aceita. "A política incentivava as mulheres a ficar em casa nos primeiros anos e assumir a educação dos filhos", relata Uta Meier, professora de Estudos sobre Família na Universidade de Giessen.

Transpondo diferenças

Para vencer este abismo cultural existente na sociedade alemã é preciso considerar os dois aspectos: uma parte da população quer mais creches financiadas com dinheiro público e outra prefere que sejam dadas maiores condições para que a mãe ou o pai possa deixar de trabalhar para ficar em casa cuidando dos rebentos em seus primeiros anos de vida.

Esta última proposta é apoiada pelo HBF, um escritório para questões familiares e segurança social com sede em Heildelberg. Kostas Petropulos, porta-voz da organização, tem dúvidas de que as instituições públicas possam oferecer a mesma qualidade de educação que a dos pais. Ele alega também que o projeto de lei do governo alemão não define um padrão de qualidade para as professoras nestas creches.

Eltern
Família alemãFoto: Bilderbox

A HBF elaborou cinco sugestões para tentar melhorar a situação vigente. Uma delas prevê um subsídio de mil euros por mês para os pais. O dinheiro seria gasto com uma ajuda externa ou para que a mãe ou o pai fique em casa durante os três primeiros anos do filho.Tal medida, acredita a instituição, ajudaria também a acabar com o modelo clássico de que o pai ganha o sustento e a mulher fica em casa.

Garantindo direitos

Esta visão é compartilhada pela professora Meier, quando afirma que o governo alemão deveria assimilar os novos comportamentos da sociedade como, por exemplo, o fato de o número de mulheres no mercado de trabalho ter subido de 59% para 64,5% nos últimos oito anos.

A Alemanha precisa de uma lei que garanta a todos os pais o direito de escolher quem tomará conta de seus filhos em todas as faixas etárias e independente da camada social. "Com a criação de novas creches, será possível acabar com a discriminação contra as mulheres que, depois de três anos fora do mercado de trabalho cuidando dos filhos, querem voltar a exercer a profissão", resume Meier.