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"Efeito de rede" e decisões acertadas explicam o sucesso do Facebook

18 de maio de 2012

Quanto mais pessoas estiverem cadastradas no Facebook, mais atraente ele se torna para quem está de fora: esse "efeito de rede" é apenas uma das explicações para o sucesso da empresa.

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Foto: picture alliance/dpa

Se ninguém tivesse telefone, você compraria um? Provavelmente não, pois um telefone só faz sentido quando pode ser usado para falar com outras pessoas. E quanto mais gente tem telefone, mais interessante ele se torna. É o chamado "efeito de rede", usado por especialistas para explicar o sucesso do Facebook.

"No momento não é possível identificar nenhum verdadeiro concorrente do Facebook mundo afora. Isso é o que se poderia chamar de o outro lado do efeito de rede. Quando uma rede desse tipo se torna assim tão grande, não faz mais sentido usar uma outra. Todos os contatos de um usuário estão reunidos na mesma plataforma. Assim, observa-se no momento uma clara tendência monopolista no Facebook", diz o consultor de mídia Ossi Urchs.

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Mark Zuckerberg lançou o Facebook quando era estudante, em 2004Foto: dapd

Líder de mercado

Com exceção da China, onde está bloqueado, o Facebook vai deixando para trás os concorrentes em todos os mercados. No Brasil, ele utrapassou o antigo número 1, o Orkut, em dezembro de 2011. Na Rússia, está chegando cada vez mais perto do vKontakte.

Na Alemanha, o Facebook é líder absoluto. Há alguns anos a situação era outra, diz o professor de marketing e mídias sociais Klemens Skibicki, da Cologne Business School. Ele lembra que as redes sociais que há alguns anos dominavam o mercado alemão perderam a batalha há muito tempo. "As causas são fáceis de detectar. O StudiVz, por exemplo, começou como clone do Facebook, mas depois seguiu outro caminho", avalia.

O StudiVz foi fundado na Alemanha pouco depois de o estudante norte-americano Mark Zuckerberg ter fundado o Facebook, em 2004. De início, a cópia alemã assumiu a liderança no país. Hoje o StudiVz tem cada vez menos usuários, enquanto o Facebook superou a marca dos 900 milhões em todo o mundo.

Rede de caráter aberto

Em 2007, o Facebook abriu sua interface para o mundo externo. A empresa deu a programadores de todo o mundo a possibilidade de desenvolver aplicações para a plataforma. Uma decisão corajosa, diz Skibicki, pois assim o Facebook dava, a esses programadores, acesso aos usuários da rede – naquele tempo, 30 milhões de pessoas.

"Permitir a outros o acesso aos seus usuários parece loucura. Mas isso fez com que, nos últimos anos, mais de 1 milhão de programadores em 180 países desenvolvessem mais de 600 mil aplicativos para o Facebook. Assim, a rede se tornou o local onde se pode fazer muito mais do que em qualquer outro lugar", afirma Skibicki.

Em 2010, outro sinal de abertura: o Facebook liberou a instalação de plug-ins em sites externos, ou seja, o popular botão "curtir" podia ser disposto também em outras páginas, como sites de notícias ou de empresas. Quando alguém clica nesse botão, os amigos dele no Facebook são informados disso.

De olho nas tendências

Outra razão para o sucesso do Facebook é o modo como a empresa lida com novidades. Sempre que percebe uma tendência ganhar força na internet, a rede monitora o mercado de perto e, então, compra o provedor mais bem-sucedido. O exemplo mais recente é serviço de fotos Instagram, adquirido por 1 bilhão de dólares.

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Avanço do uso da rede em dispositivos móveis ameaça receitas publicitáriasFoto: picture-alliance / M.i.S.-Sportpressefoto

Através do Instagram, usuários podem tirar fotos em seus smartphones, aplicar filtros sobre as imagens e postá-las no Facebook. "Graças à tecnologia funcional e a facilidade de uso, o Instagram conquistou muitos usuários relativamente rápido, e o Facebook estava atrasado nessa área. Agora, pela primeira vez, a rede social é utilizada nos EUA com mais frequência em dispositivos móveis do que no site tradicional. Além disso, o tema "fotografia móvel" está em alta, o que quer dizer que o Instagram foi uma compra estratégica. Era preciso ter a melhor tecnologia disponível no mercado", considera Skibicki.

Ganhos com publicidade

Atualmente, 85% do faturamento do Facebook vem da publicidade. Porém, com o avanço do uso da rede em dispositivos móveis, essas receitas podem diminuir. Quanto mais os usuários utilizarem o Facebook em celulares e tablets, mais difícil será, para a empresa, disponibilizar anúncios numa tela. Banners publicitários como os atuais não cabem na tela de um celular.

Por isso, a rede social está tentando agora atacar com os chamados "artigos patrocinados": na página inicial do usuário aparecem artigos e anúncios que foram aprovados pelos amigos desse usuário com um clique no botão "curtir".

Não é só o Facebook que está tentando ganhar dinheiro com dispositivos móveis, mas toda a internet. Só que a rede social tem uma larga vantagem sobre os concorrentes. "Não vejo nenhum concorrente que esteja numa posição melhor que o Facebook. Talvez o Google, porque eles têm o sistema operacional Android, que é hoje líder de mercado. Mas o site mais visitado, também por quem usa esse sistema operacional, é o Facebook", diz Skibicki.

Fator de risco

No momento, o efeito de rede faz o Facebook andar de vento em popa. A empresa parece ter pouco a se preocupar com a concorrência – nem mesmo com a rede Google+, inaugurada pelo Google em meados de 2011. Recentemente, o Google anunciou ter 170 milhões de usuários no mundo – menos de um quinto dos do Facebook. Muito mais do que um concorrente para o Facebook, o Google+ parece ser muito mais uma tentativa do Google de combinar os seus vários serviços.

O sucesso do Facebook baseia-se no seu volume de usuários, e também no futuro eles continuarão sendo os grandes responsáveis pelo sucesso da rede social. Uma empresa cujo sucesso depende quase que exclusivamente de uma variável tão vulnerável será sempre um negócio arriscado.

Autor: Janosch Delcker (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler