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Honduras

30 de novembro de 2009

Vitória de Porfirio Lobo nas eleições presidenciais de Honduras se tornou motivo de dissenso internacional. Liderados pelo Brasil, governos latino-americanos se recusam em sua maioria a reconhecer eleições hondurenhas.

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Porfirio Lobo (d) conseguirá convencer países latino-americanos?Foto: AP

Cinco meses após o golpe de Estado que destituiu o ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, o candidato do opositor Partido Nacional, Porfirio Lobo, venceu as eleições presidenciais de Honduras, realizadas neste domingo (29/11).

O Tribunal Superior Eleitoral do país informou, nesta segunda-feira (30/11), que o deputado do partido conservador teria recebido mais da metade dos votos apurados. O rival do Partido Liberal, Elvin Santos, conquistou por volta de 38%. Lobo, um empresário agrícola de 61 anos, assumirá oficialmente o poder em 27 de janeiro próximo.

No entanto, ele deverá começar a trabalhar já nesta semana para convencer os governos que rejeitam uma eleição tutelada pelo governo de fato de Roberto Micheletti. O presidente interino ocupou a presidência hondurenha após a expulsão de Zelaya para Costa Rica, em junho último, e seu posterior retorno a Honduras, onde recebeu refúgio na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

Defesores e opositores

Após a vitória de Porfirio Lobo, as eleições em Honduras passaram a ser motivo de dissenso internacional. Enquanto Estados Unidos, União Europeia (UE) e alguns países latino-americanos saúdam o resultado e o transcorrer pacífico do pleito, a maioria dos governos do subcontinente – reunidos em Portugal a partir desta segunda-feira na 19ª Cúpula Ibero-Americana – disse que não irá reconhecer as eleições organizadas por um governo ilegítimo.

Lula da Silva mit Juan Carlos und Jose Luiz Zapatero
Lula com o rei espanhol, Juan Carlos, e o premiê José Luiz Zapatero, em EstorilFoto: AP

Entre os países do continente americano favoráveis ao processo eleitoral e dispostos a reconhecer o novo chefe de Estado hondurenho estão Estados Unidos, Peru, Panamá, Costa Rica e Colômbia. Do lado dos opositores estão Brasil, Argentina, Nicarágua, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai, El Salvador e Guatemala.

Após sua chegada a Lisboa, no domingo, o presidente Lula afirmou, num aparente braço-de-ferro com Washington: "No caso de Honduras, tive uma conversa com Celso Amorim e disse-lhe que o Brasil não tem motivo de repensar nada". Lula acresceu que o "Brasil vai manter sua posição, porque não é possível aceitar um golpe".

Para o Departamento de Estado norte-americano, por outro lado, a eleição foi a melhor forma de superar a crise, representando um importante avanço. "A participação dos eleitores parece ter excedido a das últimas eleições presidenciais, o que demonstra que, tendo a oportunidade de se expressar, o povo hondurenho encarou a eleição como uma contribuição importante à solução da crise política no país", afirmou o porta-voz Ian Kelly.

Posição europeia

A Comissão Europeia expressou sua satisfação pelo fato de as eleições terem transcorrido "sem incidentes violentos". "Agora é importante que as partes interessadas intensifiquem seu trabalho para chegar a uma verdadeira reconciliação nacional", afirmou um porta-voz da Comissão nesta segunda-feira, em Bruxelas.

A França, por outro lado, lamentou que a eleição não tenha se realizada num contexto de "ordem constitucional que garanta legitimidade incontestável". A posição da Espanha, que condenou o golpe de Estado em junho, é de não reconhecer as eleições, mesmo admitindo que elas representam um passo no sentido de resolver a crise política.

"A ruptura institucional agora tem outros protagonistas", comentou o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, na cúpula de Lisboa. Em Portugal, Zapatero apelou por um "grande consenso nacional" como saída para a situação de Honduras.

CA/lusa/dpa/rtrs

Revisão: Simone Lopes

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