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Embargo contra China acirra conflito entre EUA e Europa

sm3 de março de 2005

O conflito de interesses econômicos e prioridades estratégicas acentua divergência entre EUA e Europa. Washington ameaça reduzir fornecimento de tecnologia para europeus, caso suspendam embargo de armas contra China.

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Na China, armas não são apenas peças de museuFoto: AP

"Se os países europeus passarem a exportar armas para os chineses, o Congresso norte-americano vai impor um embargo de know-how, materiais e produtos tecnológicos contra a UE", ameaçou o deputado republicano norte-americano Richard Lugar, após encontro de membros do Congresso com o presidente George Bush, em Washington. A declaração, divulgada pelo New York Times, foi propagada pela imprensa alemã.

Os políticos norte-americanos reagem, desta forma, à indiferença dos chefes de governo europeus em relação aos apelos de Bush. Washington alerta sobre os perigos de uma escalada armamentista no país asiático, alegando que os chineses já dispõem de um arsenal suficiente para invadir Taiwan e neutralizar qualquer possível interferência norte-americana.

O risco chinês

De acordo com informações do Instituto Sipri, de Estocolmo, a China comprou da Rússia nos últimos dez anos material bélico no valor de 13 bilhões de dólares. Entre as aquisições, estão aviões supersônicos, mísseis e submarinos. Esta tendência vem sendo denunciada pelos EUA como ameaça a Taiwan, sob proteção militar de Washington: "Temos a preocupação de que a transferência de armamentos possa ser acompanhada de uma transferência de tecnologia que altere o equilíbrio de poder entre a China e Taiwan", declarou Bush.

O presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, fez um apelo, a fim de que os países europeus repensem sua posição, apontando para os riscos que uma escalada armamentista na China ofereceria para a região. Taiwan se separou da República Popular da China em 1949, sendo protegida desde então pelos EUA. Isso se manteve assim, mesmo após a abertura dos EUA para a China durante o governo Nixon, nos anos 70, e o conseqüente reconhecimento da república comunista.

A posição européia

Sobretudo o presidente francês, Jacques Chirac, se empenha em amenizar o embargo de armas imposto contra a China após a sangrenta repressão do movimento democrático chinês na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. A Alemanha e a Grã-Bretanha também pretendem ceder futuramente às encomendas de armamentos por parte de Pequim. Apenas os países escandinavos e a Holanda têm restrições contra a iniciativa européia. Em Bruxelas, no entanto, ninguém duvida mais de que o embargo seja derrubado pela União Européia ainda neste semestre.

A fim de acalmar Washington, os europeus garantiram que seguirão à risca as normas de exportação de armas após a suspensão do embargo contra a China. Isso implica evitar vender armamentos que possam ameaçar a estabilidade política regional ou possam ser usados como instrumento de repressão interna. Além disso, prevê-se o futuro controle da exportação de produtos hightech ou de tecnologia de comunicação que também possam ser usados para fins militares.

Embora estas garantias não sejam suficientes para os EUA, os europeus não pretendem ceder incondicionalmente às exigências norte-americanas. Afinal, as chances de conquistar o mercado armamentista chinês, em plena expansão, representam um importante estímulo para romper o embargo contra Pequim.