1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Oriente Médio

23 de maio de 2010

Israelenses e palestinos negociam sob mediação americana, até agora sem êxito. Tensão entre árabes e Israel levam União do Mediterrâneo a cancelar cúpula. Políticos europeus lançam apelos esparsos de diálogo direto.

https://p.dw.com/p/NVKV
Foto: AP/DW

O esforço internacional em mediar o processo de paz no Oriente Médio prossegue, mesmo que falte no momento uma ação concertada. À parte da atual iniciativa de intermediação dos EUA, políticos europeus estão fazendo tentativas isoladas de influenciar o diálogo entre palestinos e israelenses.

Iniciativas de alcance maior em prol da pacificação não estão na ordem do dia. A União do Mediterrâneo adiou em meses um encontro de cúpula planejado para junho. Segundo comunicou o Ministério espanhol das Relações Exteriores na sexta-feira (21/05), a razão do adiamento foi o início das negociações indiretas entre israelenses e palestinos.

Os integrantes da União Mediterrânea, criada há dois anos para aproximar os países mediterrâneos da Europa, norte da África e Oriente Médio, pretendem esperar os resultados da recente tentativa de intermediação norte-americana. Só em novembro é que o bloco de países pretende se reunir novamente.

Segundo a mídia espanhola, no entanto, a cúpula foi suspensa porque os integrantes temem um fracasso. O diário El País noticiou que a Síria e o Egito ameaçaram com boicote, caso o encontro viesse a contar com a presença do ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, um político linha-dura que rejeita qualquer concessão aos palestinos no processo de paz.

Mediadores se dispersam

Nahost Gespräche George Mitchell Mahmud Abbas
Mediador dos EUA, George Mitchell, conversou com Mahmud Abbas no início de maioFoto: AP

O processo está praticamente estagnado, apesar do restabelecimento do contato mediado entre as partes conflitantes. Além de a política de assentamento israelense despertar a fúria dos países da região, as negociações indiretas entre Israel e palestinos não mostraram nenhum progresso. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmou que não houve avanços no diálogo intermediado pelos Estados Unidos.

Nas últimas três semanas, o enviado especial norte-americano George Mitchell viajou duas vezes ao Oriente Médio para conversar sobre demarcação de fronteiras, problemas de segurança regional e determinadas questões jurídicas e técnicas. "Responderemos a essas perguntas após consultarmos nossos aliados árabes", declarou Abbas. Nessas duas rodadas, as duas partes aventaram a possibilidade de trocar territórios que tenham o mesmo valor, sem terem chegado – no entanto – a nenhuma conclusão concreta.

Além do partido laico Fatah, do presidente Abbas, o grupo radical islâmico Hamas também quer estabelecer contato direto com os mediadores norte-americanos. Enquanto o Hamas domina a Faixa de Gaza, bloqueada por Israel, o Fatah domina na Cisjordânia.

Neste domingo (23/05), o ministro francês do Exterior, Bernard Kouchner, em viagem pelo Oriente Médio, fez um apelo para que Israel e seus vizinhos árabes ponham fim nas tensões bilaterais. Seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, acabou de encerrar com um apelo de paz sua mais longa viagem à região.

Israel Palästinenser Baustelle Siedlungsbau in Ostjerusalem
Israelenses prosseguem política de assentamento em Jerusalém OrientalFoto: AP

O político liberal alemão pediu que "todos os participantes com boa vontade" deixem de bloquear os esforços de negociações diretas entre israelenses e palestinos. Westerwelle reiterou que a meta do governo alemão é se empenhar pelo diálogo direto em prol da paz.

Apenas 25% da Faixa de Gaza foram reconstruídos

As Nações Unidas alertaram que o bloqueio da Faixa de Gaza por Israel está prejudicando a reconstrução da infraestrutura local, destruída durante uma ofensiva militar israelense. Um ano e meio após a investida militar, apenas 25% dos danos materiais foram sanados na Faixa de Gaza, aponta um comunicado do Programa de Desenvolvimento da ONU divulgado neste domingo. Entre os trabalhos finalizados estão a reconstrução de 10 dos 12 hospitais atingidos pelos bombardeios, bem como três quartos da canalização.

A ONU advertiu que a ajuda internacional na Faixa de Gaza continua ineficaz. Isso porque a missão não pode se servir dos materiais contrabandeados pela Faixa de Gaza através do túnel na fronteira com o Egito. Segundo o Banco Mundial, 80% das importações que abastecem a região chegam através desse túnel, utilizado para contornar o bloqueio israelense vigente desde a posse do Hamas, em 2007. Desde então, Israel está impedindo a entrada de material de construção na Faixa de Gaza, alegando suspeitar que o Hamas venha a desviar a ajuda para fins militares. Como a ONU não pode comprar produtos contrabandeados, não tem como ajudar na reconstrução da região.

Tunnelbauer in Gaza
Palestino reza no túnel entre Egito e Faixa de GazaFoto: AP

De 27 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009, o Exército israelense atacou a Faixa de Gaza, alegando pretender destruir as bases locais de onde eram lançados mísseis contra o sul de Israel. A ação matou 1.400 palestinos e destruiu mais de 6.200 casas.

Israelenses ensaiam eventual catástrofe

Em Israel, o serviço de proteção civil iniciou neste domingo a maior manobra nacional de defesa da história do país. Durante os próximos cinco dias, a população israelense passará por um treinamento a fim de se preparar para eventuais situações de catástrofe. Entre os cenários evocados está, por exemplo, um hipotético ataque de mísseis contra Israel, iniciado simultaneamente a partir do Líbano, da Síria e da Faixa de Gaza.

Para realizar o treinamento, os serviços de resgate nacional estão trabalhando em conjunto com as forças de segurança, os municípios, diversas instituições governamentais, além de escolas e unidades policiais.

Na quarta-feira, sirenes soarão em todo o país durante a execução de um exercício denominado "momento decisivo 4". As pessoas serão conclamadas a buscar refúgio durante dez minutos. Além disso, serão distribuídas máscaras de gás entre a população.

"O objetivo do exercício é melhorar a disposição nacional e as reações aos serviços de proteção civil em caso de emergência", comunicaram as Forças Armadas israelenses neste domingo.

Nas últimas semanas, aumentaram as especulações sobre uma possível guerra no Oriente Médio no próximo verão. Israel assegurou que não há nenhum plano hostil por trás do treinamento da população. Esta é quarta vez que o governo israelense convoca esse tipo de manobra de defesa; o treinamento corrente é, contudo, o mais longo dos já organizados.

SL/apn/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer