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Encouraçado alemão será resgatado do fundo do mar

mw16 de janeiro de 2004

Encurralado em Montevidéu e posto a pique pelo próprio comandante no início da Segunda Guerra Mundial, o Admiral Graf Spee será trazido de novo à tona e transformado em navio-museu.

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O Graf Spee afundou nove navios, inclusive no BrasilFoto: dpa

Afundado há mais de 70 anos diante de Montevidéu, o encouraçado alemão Admiral Graf Spee será retirado das profundezas do Rio da Prata, restaurado e no futuro aberto à visitação pública como navio-museu, segundo Alfredo Etchegaray, proprietário dos direitos sobre os destroços. Algumas partes da embarcação já foram resgatadas nos últimos anos. Um canhão, por exemplo, pode ser visto no Museu Naval do Uruguai e uma âncora do navio está exposta numa praça de Montevidéu em memória da Batalha do Rio da Prata.

Financiada por empresários, a operação de resgate do casco soçobrado deverá começar no fim deste mês, informa Héctor Bodano, chefe da equipe. Diversas equipes de filmagens, entre elas a do diretor do filme Titanic, o americano James Cameron, anunciaram interesse em acompanhar os trabalhos.

Construído nos anos 30 dentro das restrições impostas pelo Tratado de Versalhes à Alemanha, o Admiral Graf Spee era um pouco menor e mais rápido do que os tradicionais encouraçados, razão pela qual também costuma ser classificado como encouraçado-de-bolso. Sua última viagem começou em 21 de agosto de 1939 em Wilhelmshaven.

Missão: afundar navios mercantis ingleses

A poucos dias do início da Segunda Guerra Mundial, seu capitão, Hans Langsdorff, recebera ordens de seguir para o Atlântico Sul. Sua missão: em caso de guerra, atacar navios mercantis com bandeira da Inglaterra a fim de atrair forças da Marinha inglesa para a região, afastando-as da Europa. Após Londres e Paris declararem guerra à Alemanha, em decorrência da invasão da Polônia, Langsdorff recebeu em fins de setembro a ordem para dar início à sua tarefa.

Até início de dezembro daquele ano, o Admiral Graf Spee atacara e pusera a pique nove navios, inclusive no litoral brasileiro, num total de 50.171 toneladas brutas. Sua área de ação preferida era a foz do Rio da Prata, devido ao tráfego de cargueiros com carne e cereais dos portos locais para a Europa. As perdas não ficaram sem reação da Inglaterra, que enviou unidades para enfrentar o encouraçado.

A Batalha do Rio da Prata

De acordo com relatório da Marinha alemã, eram 5h52 da manhã de 13 de dezembro quando do Graf Spee avistaram-se três navios de guerra inimigos. Por ter realizado um pouso forçado na véspera e carecer de reparos, o hidroavião de bordo do encouraçado não pôde ser usado para fazer reconhecimento da frota que se aproximava. À distância, o capitão Langsdorff avaliou tratar-se de um cruzador e dois contratorpedeiros (destroyers) e decidiu atacá-los imediatamente.

O comandante enganara-se. Na verdade, eram três cruzadores ingleses (Exeter, Ajax e Achilles) enviados para proteger as rotas marítimas a partir do Rio da Prata. O trio já esperava encontrar o Graf Spee na região e, ao encontrá-lo, igualmente partiu para o combate. Às 6h10, Langsdorff deu-se conta de seu erro de avaliação, mas a batalha já estava para começar.

Os cruzadores Ajax e Achilles afastaram-se do Exeter, um para cada lado, deixando o Graf Spee no meio. Às 6h17, o encouraçado alemão abriu fogo contra o Exeter, dando início ao confronto. Devido à superioridade inimiga, Langsdorff era obrigado a mudar seu alvo de navio para navio. Após duas horas de tiroteio, o Exeter sofrera sérios danos e afastou-se do combate.

Afundado pelo próprio capitão

Pouco antes, porém, às 7h40, o Graf Spee também já começara a rumar para Montevidéu. Com sua embarcação avariada, o capitão esperava abrigar-se na capital uruguaia, aproveitando-se da condição de porto neutro. No caminho, ainda trocou tiros com seus perseguidores. Pressionado por Londres, o governo do Uruguai concedeu permissão para o vaso de guerra alemão permanecer apenas 48 horas em seu território, a fim de realizar seus reparos.

O tempo, porém, era pouco demais para o conserto dos danos na cozinha, no gerador de água potável e, sobretudo, no sistema de limpeza de óleo. E com estes problemas não seria possível encarar uma longa viagem por mar aberto. Além disso, boa parte da munição já estava gasta e a imprensa uruguaia noticiava que mais navios de guerra ingleses haviam chegado ao Rio da Prata.

Langsdorff não quis arriscar a vida de seus quase mil marinheiros, nem que o encouraçado fosse capturado pelo inimigo. Após deixar Montevidéu no dia 17 de dezembro de 1939, o capitão deu ordem de abandonar o navio e ordenou sua explosão. Três dias mais tarde, Langsdorff se suicidou em Buenos Aires, relata a Marinha alemã.