Energia do fundo da Terra para Unterhaching
10 de fevereiro de 2004Ainda há quatro anos, Unterhaching freqüentava as manchetes dos jornais alemães, pelo menos dos especializados em esporte: o clube de futebol da cidade havia conseguido a façanha de subir para a Primeira Divisão e participar assim do Campeonato Alemão. Agora, a comunidade de 20 mil habitantes nas proximidades da capital da Baviera volta a chamar a atenção, até mesmo de especialistas internacionais, porém por outro motivo.
Está em andamento na cidade o maior projeto de energia geotérmica da Alemanha, com a meta de produzir, até 2005, 3,7 megawatts de energia elétrica e 16 megawatts de calor para a calefação de prédios.
Importante fonte de energia renovável
Orçada em 35 milhões de euros, a usina geotérmica de Unterhaching está sendo subsidiada pelo Ministério do Meio Ambiente com 4,8 milhões de euros. O ministro Jürgen Trittin, que deu o tiro de largada para o início das perfurações, ressaltou o caráter modelar do projeto.
De seu sucesso depende a confirmação das esperanças depositadas no calor gerado no centro do globo terrestre como fonte de energia renovável que poupa o meio ambiente. Já existem outras 30 instalações geotérmicas em funcionamento na Alemanha, mas sua produção é reduzida e destina-se quase que exclusivamente à geração de calor para a calefação.
Até fins de abril, as máquinas de perfuração devem atingir em Unterhaching uma profundidade de três quilômetros. Só então se confirmará se a água no subsolo daquela região tem mesmo a temperatura de 120 graus centígrados, como prevêem os especialistas. Para a geração de energia elétrica, a temperatura mínima necessária é de 100ºC.
Nova tecnologia e novo modelo de seguro
A tecnologia inovadora prevista para a usina de Unterhaching utiliza uma mistura de amônia e água para a produção do vapor que moverá as turbinas, possibilitando o aumento do grau de eficiência dos atuais 7% para 14%. Se confirmados todos os prognósticos, a emissão de dióxido de carbono resultante da geração de energia na comunidade poderá ser reduzida em 30 mil toneladas por ano, um efeito considerável para o meio ambiente.
O potencial da energia geotérmica é indiscutível, mas os riscos ligados aos projetos que se utilizam dessa fonte têm impedido seu avanço. É impossível determinar com segurança, antes de uma perfuração, a quantidade de águas térmicas existentes no subsolo e sua temperatura. Arcar com os custos de 3 a 5 milhões de euros por uma perfuração tem assustado muitos investidores. Também sob este aspecto, o projeto de Unterhaching é inovador: pela primeira vez na Europa, foi possível fazer um contrato com uma seguradora para cobrir os riscos.