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Ensino na fábrica

cb10 de setembro de 2004

Muitas empresas já mantêm centros de ensino próprios. O modelo norte-americano da chamada universidade corporativa agora está fazendo sucesso na Alemanha.

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AutoUni da Volkswagen: futuro prédioFoto: autouni

As obras para a construção da Universidade do Automóvel (apelidada, em alemão, de AutoUni), em Wolfsburg, já estão em andamento. O prédio será sofisticado, requintado e bem estruturado. Só para a construção deste campus universitário, a Volkswagen gastará cerca de 50 milhões de euros. Embora a inauguração do prédio esteja planejada para o mês de fevereiro de 2006, as palestras e seminários já devem começar no final de 2005.

O objetivo da universidades corporativa é formar e aperfeiçoar os seus profissionais, de acordo com os interesses e necessidades específicas da empresa, além de criar um vínculo maior com os funcionários. Trata-se de uma forma de auto-ajuda das empresas, já que as universidades muitas vezes não conseguem atender a demanda de cursos de especialização de acordo com as exigências do mercado. Desde que foram fundadas as primeiras universidades corporativas na Alemanha (no final dos anos 90), o seu número aumentou bastante. A Associação Universitária Alemã, uma representação de interesses dos professores acadêmicos, teme que em pouco tempo haja mais universidades do que piscinas.

Assim, a Bertelsmann, DaimlerChrysler, Lufthansa e até McDonalds têm universidades próprias. A moda veio dos Estados Unidos, onde, em 1955, foi fundada a primeira universidade corporativa. Estima-se que hoje o número de alunos matriculados nestes centros de formação americanos supere o de universidades convencionais.

AutoUni procura ser algo mais

Entre os acadêmicos, a autodenominação dessas instituições de universidade não é vista com apreço. Muitos acreditam que estas universidades corporativas sejam apenas cursos de especialização de má qualidade. Atualmente esses curso não conferem um título acadêmico aos formandos. Por isso, a AutoUni tentará ser algo mais do que uma universidade corporativa, segundo seus idealizadores. A instituição quer dar ao seu programa um tom acadêmico e científico. Depois que for reconhecida pelo governo alemão, a AutoUni pretende também conferir títulos acadêmicos.

Entre 2005 e 2009, numa primeira fase de testes, a Universidade do Automóvel apenas abrirá as portas para os funcionários da VW e de empresas parceiras. Num segundo momento, ela deverá se abrir para os demais interessados. Diferente das demais universidades corporativas, o programa da AutoUni não vai se orientar somente pelas necessidades óbvias da Volks. Disciplinas como técnica e economia serão combinadas com ciências sociais.

Bertelsmann
Foto: AP

A empresa alemã de comunicação Bertelsmann persegue uma estratégia diferente com a sua universidade. A Bertelsmann University apenas dispõe de uma plataforma virtual de aprendizagem, disse seu chefe de pessoal, Detlef Hunsdiek. A universidade oferece aos seus diretores cursos à distância que demoram entre três e sete dias. "O fato de não termos um campus universitário próprio aumenta nossa flexibilidade", acrescentou Hunsdiek.

Bem diferente é o programa da Universidade do Hambúrguer da McDonalds em Munique. Uma cozinha de 1800 m² e um auditório são a base para os cursos, nos quais, no último ano, 2900 alunos receberam o título de Assistente de Gerência do Restaurante.

Nenhuma moda sem crítica

Ofertas como as da Universidade do Hambúrguer são criticadas. "Daqui a pouco, cada escola de natação vai se autodenominar universidade", reclamou o presidente da Associação Universitária Alemã, Bernhard Kempen, advertindo que elas não oferecem nenhum aprofundamento científico.

Um outro problema sério é a concorrência entre as novas universidades corporativas e as cerca de 60 universidades particulares existentes na Alemanha. As particulares não são financiadas pelas empresas, mas sim, trabalham muitas vezes lado a lado. Como ambos os tipos de universidade têm o mesmo público-alvo, a expansão das corporativas acontece às custas das particulares.

Segundo Peter Glotz, ex-secretário-geral do Partido Social Democrata (SPD) e autor de um estudo sobre o assunto, atualmente 40% das maiores empresas nos Estados Unidos dispõem de uma universidade corporativa. Isto seria uma desafio enorme para as escolas de Economia (Business School), por causa de sua participação considerável no mercado de cursos de especialização.

Além disso, Glotz pensa que as empresas com campus universitário próprio, como a VW, estão no caminho errado. "Neste modelo falta flexibilidade", disse. "As empresas devem criar plataformas inteligentes, nas quais universidades de todo o mundo possam participar. Uma equipe grande como a da AutoUni não é necessária e, no caso de se ocupar muito com os problemas próprios, pode ser até contraprodutiva", explicou o autor e jornalista.