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Entre "cultura dominante" e sociedade multicultural

sm22 de novembro de 2004

Conservadores cristãos exigem que estrangeiros se submetam à "cultura dominante" alemã; Schröder apela a muçulmanos por maior empenho de integração; verdes defendem democracia plural.

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Bandeiras turca e alemã em manifestação pela tolerância inter-religiosaFoto: dpa

Os social-cristãos bávaros causaram indignação entre políticos de centro-esquerda com sua exigência de que os estrangeiros se adaptem à "cultura dominante" alemã. O Partido Social Democrata (SPD), os verdes e organizações de estrangeiros exigiram mais moderação por parte da União Social Cristã (CSU), partido conservador bávaro, e advertiram de uma histeria contra muçulmanos.

Cristãos: "Não aos véu islâmicos"

Na convenção da CSU realizada em Munique, no fim de semana, os correligionários bávaros aprovaram por unanimidade a reivindicação de que estrangeiros só deveriam ter direito a benefícios sociais caso provem que estão dispostos a se integrar. A condição seria que os imigrantes aceitem a "cultura dominante" alemã.

O secretário do Interior da Baviera, Günther Beckstein, qualificou a defesa da multiculturalidade por parte da coalizão de governo em Berlim como uma "ilusão ingênua". O presidente da CSU, Edmund Stoiber, chegou a exigir que se defenda a Alemanha como país cristão: "Sim à abertura e tolerância; não aos véus islâmicos", declarou Stoiber, referindo-se ao hábito das mulheres muçulmanas de usar um lenço na cabeça.

Por uma democracia multicultural

Reinhard Bütikofer, um dos presidentes do Partido Verde, criticou o debate da CSU, qualificando-o de "explosivo". "A minha concepção dominante é a de uma democracia multicultural", defendeu Bütikofer, acrescentando que ainda deveria haver mais diversidade na Alemanha. A outra presidente do Partido Verde, Claudia Roth, acusou a CSU de ter outras intenções, distintas da verdadeira integração de estrangeiros.

Por ocasião da entrega do prêmio de tolerância do Museu Judaico ao ex-presidente Johannes Rau (SPD), o chanceler federal alemão declarou que a recente onda de violência de fundo religioso na Holanda mostrou a necessidade de debater sobre valores. Ao mesmo tempo, Schröder advertiu que este tipo de criminalidade não deverá detonar uma luta de culturas.

Muçulmanos no banco dos réus

O chefe de governo alemão também assinalou que os esforços de integração não devem ser cobrados apenas dos alemães, mas também dos imigrantes: "Os inúmeros muçulmanos que vivem ou querem viver entre nós não podem ficar de lado, sem participar". Schröder também exigiu que a população islâmica na Alemanha "se comprometa com a ordem jurídica e com as normas democráticas".

O secretário do Interior de Brandemburgo, Jörg Schönbohm (CDU), também exigiu a adoção da "cultura dominante" alemã. O democrata-cristão alertou que a base cultural e lingüística dos alemães não poderia ser "destruída" pelos estrangeiros. O ex-presidente da União Democrata Cristã (CDU), Wolfgang Schäuble, divergiu de seus correligionários, advertindo do teor problemático do termo "cultura dominante" (leitkultur). Para a atual presidente da CDU, Angela Merkel, "a idéia de uma sociedade multicultural fracassou dramaticamente".

Em Colônia, 25 mil pessoas participaram da manifestação a favor de tolerância convocada no domingo (21/11) pela União Turco-Islâmica do Departamento de Religião (Ditib). A Associação Cultural Judaica de Berlim alertou para uma crescente histeria contra muçulmanos, denunciando que a linguagem ofensiva ao Islã já se tornou corrente. O embaixador turco em Berlim, Mehmet Ali Irtemcelik, declarou que os muçulmanos foram colocados injustamente no banco de réus e que o preconceito vem se acirrando de forma irresponsável.