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Escândalo da Petrobras se expande e chega a maiores empreiteiras do país

14 de novembro de 2014

Na sétima fase da Operação Lava Jato, PF prende ex-diretor da estatal Renato Duque, indicado por Dirceu para o cargo, e membros do alto escalão de construtoras, que somam contratos de R$ 59 bilhões com a petrolífera.

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Petrobas Hauptquartier in Rio de Janeiro
Foto: Reuters/S. Moraes

A Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga o desvio de recursos da Petrobras para partidos políticos, chegou nesta sexta-feira (14/11) à sua sétima fase, com a prisão do ex-diretor da estatal Renato Duque e, pela primeira vez, de membros do alto escalão das maiores empreiteiras do país.

Ex-diretor de Serviços da estatal, Duque foi indicado ao cargo por José Dirceu quando este era ministro-chefe da Casa Civil. Ele é apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da Petrobras.

Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez um acordo de delação premiada com a Petrobras, a diretoria de Duque repassava 3% dos contratos que assinava para o partido da presidente Dilma Rousseff.

Ao todo nesta sexta-feira, foram alvo da operação sete empreiteiras, entre elas Odebrechet, Camargo Corrêa e Mendes Júnior, com contrato de mais de 59 bilhões de reais com a Petrobras.

"São aquelas em que o material apreendido e as quebras de sigilo dão material robusto para mostrar o envolvimento delas na formação de cartel, desvio de recursos para corrupção de agentes públicos", declarou o delegado da PF Igor Romário de Paula, responsável pela operação.

De acordo com a polícia, nas últimas semanas alguns executivos das empreiteiras envolvidas mantinham atitudes suspeitas, como se prevendo que poderiam ser alvos de operação policial.

"Alguns vinham saindo do país com frequência ou dormiam em hotéis, apartamentos, nitidamente com caráter de não permanecer [nas residências fixas]. Isso se comprovou hoje, com alguns sendo encontrados em outras cidades", informou o delegado. Ele nega que tenha havido vazamento de informações.

As detenções têm caráter temporário e preventivo. Foram também cumpridos seis mandados de condução coercitiva. Os investigados não localizados tiveram seus nomes inscritos no sistema de procurados e impedidos da PF, estando proibidos de deixar o país.

Um deles é o lobista Fernando Baiano, citado nas investigações como agente do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) junto às empreiteiras.

Mais de 350 agentes em seis estados

A PF informou que os executivos das empreiteiras presos nesta sexta-feira participaram diretamente do fechamento de contratos com a Petrobras. Outros alvos da operação tiveram participação secundária ou atuaram no transporte de recursos obtidos de forma ilícita para doleiros, que posteriormente faziam a lavagem.

Na sétima fase da Operação Lava Jato expediram-se 85 mandados judiciais e foi decretado o bloqueio de cerca de 720 milhões de reais em bens pertencentes a 36 investigados. As sedes de diversas empresas foram revistadas. Autorizou-se, ainda, o bloqueio integral dos valores de três firmas referentes a um dos operadores do esquema.

Os mandatos foram cumpridos nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Ao todo, mais de 300 policiais federais e 50 servidores da Receita Federal participaram da operação.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, o objetivo não declarado desta fase da Lava Jato é encarcerar os "corruptores", ou seja, os presidentes de grandes empreiteiras como a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Mendes Júnior. Não por acaso, o modelo adotado é o da Operação Mãos Limpas, que devastou a máfia e a corrupção política na Itália na década de 1990, complementa o diário paulista.

AV/abr/dpa