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Especialistas não conseguem precisar influência do euro sobre os preços

Neusa Soliz8 de março de 2002

O euro contribuiu ou não para o aumento de preços? - eis a questão mais discutida na Alemanha. Um estudo, do Departamento Federal de Estatísticas não deu a última palavra no assunto.

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Muitos consumidores acham tudo mais caro após a chegada do euroFoto: Bilderbox

A carestia que muitos consumidores já haviam observado em suas compras diárias na Alemanha foi confirmada, nesta sexta-feira, pela primeira vez, por um órgão oficial, se bem que não tão claramente como se esperava. Johannes Hahlen, presidente do Departamento Federal de Estatísticas apresentou, em Wiesbaden, um estudo sobre a influência da circulação do euro sobre os preços. Juntamente com o Banco Central alemão, o departamento acompanhou as variações de preço de 18 mil produtos durante a grande mudança do marco para o euro.

Comércio aumentou preço de 60% dos produtos

- "Constatamos que houve muito mais aumentos de preços motivados pela mudança da moeda de dezembro para janeiro", diz Hahlen. Na hora de trocar o preço das mercadorias, o comércio aumentou o preço de 60% dos produtos da lista e diminuiu em 40% dos casos, segundo ele. Os aumentos variaram conforme o setor. Assim, a cerveja nos bares aumentou 1,9%, serviços como tinturaria e cabelereiro aumentaram de 2% a 2,6%. O arredondamento de somas para que os preços induzam a comprar, como por exemplo 1,99 em vez de 2,02 euros, desempenhou um papel importante, além da simples conversão de uma moeda para a outra.

Alguns comerciantes já haviam aumentado os preços em meados de 2001, o que confirma as observações das entidades de defesa do consumidor. Depois de analisarem 822 produtos em cem lojas, as associações de defesa do consumidor afirmam que aumentou o preço de 32% dos produtos.

Efeito do euro escapa à precisão

- Muitos comerciantes que subiram seus preços na passagem do marco para o euro tornaram a diminuí-los depois, observa ainda o Departamento Federal de Estatísticas, deixando em aberto se isso foi uma estratégia de venda. A conclusão final de Johannes Hahlen é que " o efeito da mudança de moeda sobre o nível dos preços não pode ser determinado cientificamente com precisão".

Isso nos deixa na mesma, permitindo que cada qual afirme o que bem entender. Muitos consumidores desconfiam das estatísticas e sua impressão subjetiva, na hora de pagar a conta no supermercado, diz que o custo de vida está mais caro. Para esses alemães, o euro é mesmo o teuro, jogo de palavras com base em teuer, que significa "mais caro".

A Agência Européia de Estatísticas, Eurostat, tampouco conseguiu dizer a última palavra nesse assunto, ao calcular o efeito do euro sobre os preços em "provavelmente entre 0,0% e 0,16%".

A versão do comércio

- O comércio não aceita o estudo das associações de defesa do consumidor, por não considerá-lo representativo. Para a federação do setor, o comércio portou-se corretamente, não abusando da mudança de moeda para aumentar os preços na surdina. Se alguns alimentos ficaram mais caros, isso não deve ser atribuído ao euro, mas sim aos efeitos das crises do mal da vaca louca e da febre aftosa.

Inflação de janeiro

- O Banco Central alemão corrobora essa versão atribuindo, por exemplo, o aumento dos preços de frutas e verduras em dezembro e janeiro ao inverno rigoroso. No cálculo da inflação de janeiro, o Departamento Federal de Estatísticas excluiu o encarecimento devido ao frio. Sem esses "efeitos especiais", a taxa anual de inflação foi de 1,6%. Prossegue, portanto, a tendência de queda da inflação, verificada nos últimos meses, diz o departamento, acreditem ou não os consumidores.