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Estreitando relações entre UE e América do Sul

av25 de janeiro de 2005

A visita do premiê espanhol, José Zapatero, à América do Sul poderá dar novos impulsos às negociações entre a União Européia e o Mercosul. A primeira estação foi o Brasil: política e futebol.

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Prêmiê espanhol, José Zapatero, recebido por Lula em BrasíliaFoto: Ricardo Stuckert/PR

Recuperar os laços históricos entre seu país e a América do Sul está entre as principais metas da visita do primeiro-ministro da Espanha, José Luiz Rodriguez Zapatero, ao subcontinente. Segundo o diretor do Instituto de Estudos Ibero-Americanos, Detlef Nolte, as chances do premiê não são más.

Durante o governo de José Maria Aznar, quebrou-se muita louça, comenta o especialista. Por um lado, Aznar apresentava-se para o resto do mundo como "porta-voz" da América Latina, mas por outro agia como menino de recados dos Estados Unidos. O socialista Zapatero, ao contrário, tem como trunfo sua proximidade ideológica em relação aos chefes de Estado do Brasil, Argentina e Chile.

Este detalhe aumenta a credibilidade do atual primeiro-ministro espanhol em sua missão. Embora ele vise, naturalmente, buscar vantagens para a economia de seu país, especialistas do setor acreditam que Zapatero dará novos impulsos às negociações entre a União Européia e o Mercosul.

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As conversas entre os dois blocos comerciais estão suspensas desde o segundo semestre de 2004 devido a um antigo pomo da discórdia: as bilionárias subvenções agrárias da UE. Segundo Thomas Pohl, senior economist do Dresdner Bank América Latina, as conseqüências econômicas dessa desavença são consideráveis. Um estudo da UE mostrou que a liberalização de cerca de 90% das transações proporcionaria US$ 6,5 bilhões de dólares à UE e US$ 5,1 bilhões ao Mercosul, num prazo de dez anos.

Brasil é peça vital

Pohl conclui que durante esta viagem o chefe de governo espanhol certamente tentará reativar as negociações estagnadas. Assim, a decisão de iniciar seu giro pelo Brasil não foi mero acaso, mas sim corresponde à política da UE, comenta o economista. Pois o país exerce uma função de liderança no bloco sul-americano: "Só incluindo o Brasil será possível estreitar as relações com a América Latina". Isso, apesar de neste caso as relações bilaterais não serem tão estreitas quanto com os países de língua espanhola.

Zapatero foi recebido na manhã desta segunda-feira (24) no Congresso brasileiro. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, lembrou que o Brasil não quer exportar apenas bons jogadores de futebol para a Espanha. Ele afirmou que os dois países "passam por um momento renovador na política, o que possibilita uma equação melhor de nossos interesses". A Espanha é um dos maiores investidores estrangeiros no Brasil.

Tensões com Argentina, bom exemplo no Chile

A Argentina é a estação seguinte do giro de José Zapatero pela América do Sul. Embora o presidente argentino, Néstor Kirchner, não se canse de enfatizar o "parentesco ideológico" com o governo de Madri, temas desagradáveis poderão turvar a harmonia do encontro.

Thomas Pohl acredita que Zapatero agirá como defensor dos interesses das empresas espanholas na Argentina. Lá os preços de eletricidade, água, gás e telecomunicações estão congelados desde o final de 2001, quando a cotação do peso argentino foi desacoplada do dólar.

O premiê espanhol reservou para o fim a visita ao país-modelo, o Chile. Segundo o especialista do Dresdner Bank, o Chile demonstra quão bem um acordo de livre comércio pode funcionar. Pois menos de um ano após a assinatura do acordo com a UE, no início de 2003, as exportações para o bloco europeu já acusavam um acréscimo de 16%.

Além disso, o Chile é o mais estável país latino-americano, tanto do ponto de vista político como econômico, tendo, com Ricardo Lagos, um dos mais considerados políticos em sua presidência, enfatiza Detlef Nolte, do Instituto de Estudos Ibero-Americanos.