1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Estudantes berlinenses renovam conceito de revista masculina

Tim Weise (rc)2 de novembro de 2013

Carros e erotismo: a receita de sucesso americana para revistas masculinas não convence mais na Alemanha. Grupo de estudantes de Berlim lançou a publicação online "Centurio", onde mulheres escrevem para os homens.

https://p.dw.com/p/1A9GT
Foto: Tim Wiese

Basta um clique no website para o homem moderno ficar sabendo o que deve fazer na vida, antes que ela chegue ao fim: encomendar uma tatuagem, aprender a tocar guitarra e fazer sexo a três. Ao menos é o que aconselha aos leitores da Centurio um certo "Herr Sieverling".

Para dizer a verdade, a coisa não soa tão moderna assim, evocando, antes, ultrapassadas ideias machistas. A rigor, o veredicto deveria ser: "uma chatice" – se, na realidade, as sugestões não partissem de uma mulher.

A escritora-fantasma por trás das dicas de "Herr Sieverling" é Nadine Mittag. Assim como todos os outros artigos da revista online, a coluna machista é escrita por uma mulher. "Nós brincamos com os clichês", explica. Sua personagem fictícia é praticamente o oposto da imagem do homem ideal defendida pela Centurio. "Aqui com a gente, os garotos também têm permissão para serem suaves", comenta a autora. Assim, a seleção de temas é bem diferente da oferecida nas revistas masculinas conhecidas.

De mulheres para o público masculino

Os jovens colaboradores da Centurio também se interessam por carros, erotismo e esportes – mas não só, e isso faz toda a diferença. Prova de que eles estão com a razão, é o fato de que as antigas revistas masculinas americanas já não fazem mais sucesso no mercado alemão.

Centurio -Emma für Männer
"Centurio" é redigida apenas por mulheresFoto: Tim Wiese

Publicações como Playboy, Matador ou FHM estão em plena crise financeira. A impressão é que o homem alemão está farto da temática machista. Agora, ele também se interessa por relacionamentos duráveis, igualdade dos sexos, família e filhos.

"Somos praticamente a revista Emma para o homem", compara Nadine, ao descrever a abordagem editorial da Centurio, que em novembro inaugura seu espaço na internet, centurio-mag.de. Porém pode ser enganosa essa analogia com a revista fundada pela conhecida feminista alemãAlice Schwarzer. Enquanto Emma abre inteiramente mão de modelos masculinos musculosos, na Centurio uma bela mulher já saúda o leitor na primeira página.

Publicação virtual

A Centurio foi desenvolvida por estudantes da Universidade de Mídia, Comunicação e Economia (HMKW, na sigla em alemão) de Berlim. A ideia partiu de uma estudante, durante um seminário sobre jornalismo online, e os colegas a adotaram imediatamente, com entusiasmo.

Na distribuição de funções, durante a fase de planejamento, calhou de apenas mulheres se apresentaram como autoras. Um acaso, que hoje os criadores da revista espertamente usam como argumento de marketing.

"É claro que nós, mulheres, sabemos muito melhor o que os homens querem", afirma Nadine Mittag, sorrindo. Fora isso, a proporção entre os sexos é equilibrada dentro da revista. Como numa editora clássica, os jovens jornalistas se organizam em departamentos, do marketing ao desenvolvimento de web, passando pelo design.

Centurio -Emma für Männer
Revista pode ser lida em smartphones e tablets, sem aplicativos extrasFoto: Centurio

Ao contrário das editoras estabelecidas, contudo, os estudantes trabalham exclusivamente de casa. Uma plataforma na internet lhes permite entregar artigos, travar discussões, coordenar processos, desenvolver ideias. "Funciona melhor do que as estruturas convencionais, já que cada etapa pode ser acompanhada de modo transparente e as informações necessárias ficam disponíveis a todos", afirma Verena Renneberg, professora da HMKW,

Companhia por todo o dia

Os estudantes de Berlim inovam também na estrutura da publicação. Não há editorias: em vez disso, os artigos são apresentados de acordo com a hora do dia. Por exemplo: de manhã, o leitor aprende como sair mais rápido da cama.

Durante o horário de trabalho, ele lê sobre as fascinantes perspectivas que outros empregos lhe ofereceriam. E à noite, pode entender porque sua namorada não ficou feliz com a lingerie que ele comprou na pausa do almoço: pouco tecido realça demais as partes problemáticas.

Aquilo que, assim resumido, pode parecer um tanto banal, resulta em leitura bastante prazerosa. No futuro, os editores também prometem para o horário da noite, das 22 às 6 horas, matérias reflexivas, sobre temas como relacionamento e espiritualidade. Se esta é a opção certa ou não, caberá ao leitor decidir.

Showroom de jornalismo online

"Nossa revista pode ser lida em qualquer dispositivo", explica Roman Tegeler, um dos encarregados do design do site. O layout se adapta a smartphones e tablets, sem que o leitor precise de um aplicativo extra: basta um simples navegador de internet.

Os estudantes estão orgulhosos de seu projeto: afinal, eles criaram uma revista completa, desenvolvendo toda a infraestrutura necessária. "Vemos o projeto como uma espécie de showroom do nosso trabalho", afirma Leonard Blömeke, que juntamente com Verena Renneberg coordena o seminário de jornalismo online. "Aqui, todo o mundo podem adquirir as aptidões que estão em demanda no mundo da mídia contemporânea."

Centurio -Emma für Männer
Homens também têm participação no design da revista onlineFoto: Tim Wiese

Portanto esse playground midiático também beneficiará os estudantes quando, no futuro, eles se candidatarem a um emprego. Mas os leitores também se beneficiam do projeto estudantil fora do comum, já que temas interessantes não faltam. Aliás: não só para os homens.