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EUA criticam Galileo, mas querem cooperar com UE

(gh)27 de março de 2002

OTAN avalia implicações do sistema para aliança militar. "Futuro do projeto é incerto", diz jornal alemão.

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O GalileoSat terá 30 satélitesFoto: AP

Os Estados Unidos estão interessados em cooperar com a União Européia no desenvolvimento do sistema de navegação via satélites Galileo, mas ao mesmo tempo reiteram suas restrições ao projeto. "Esperamos poder aprofundar com a Comissão Européia as discussões sobre nossas preocupações quanto a diferentes aspectos relevantes do comércio, de questões técnicas e de segurança", afirmou a representação dos EUA na UE, em nota oficial em Bruxelas.

O Departamento de Estado norte-americano reiterou seu temor de que a rede européia de satélites possa provocar interferências nas freqüências atualmente usadas pelo Exército dos EUA e afirmou que os usuários devem ser livres para escolher o serviço preferido. Segundo o porta-voz Richard Boucher, a preocupação dos Estados Unidos é que o Galileo não seja compatível com o GPS.

"Esperamos que os aliados europeus não proponham um sistema que degrade ou interfira nos sinais civis e militares do atual GPS", disse Boucher. Ele anunciou também que, nos próximos meses, poderão ocorrer reuniões entre a UE e os EUA para fixar critérios que permitam o funcionamento conjunto de ambos os sistemas.

Avaliação da OTAN

– Segundo fontes da Comissão Européia, nos últimos meses os EUA pressionaram os europeus a desistirem do Galileo, argumentando que o GPS é suficiente para todo o mundo. Para evitar maiores atritos, a UE já decidiu que vai negociar com o governo norte-americano um acordo de compatibilidade entre Galileo e GPS.

Já a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) avalia as possíveis implicações do desenvolvimento do Galileo para os interesses estratégicos da organização militar. "Ainda não entramos em detalhes, mas esse assunto interessa aos 19 países que integram a Aliança Atlântica e não só a uma outra nação isoladamente", disse o secretário geral da organização, o inglês George Robertson.

Futuro incerto

– Não só os Estados Unidos duvidam do sucesso do novo sistema. "Com o Galileo, os europeus querem quebrar o monopólio dos EUA no espaço, mas não é certo que terão êxito. O sistema de navegação via satélites europeu ainda envolve muitas questões políticas e econômicas não resolvidas", afirma o jornal alemão Westdeutsche Allgemeine Zeitung, de Essen.

Segundo o jornal, "o sucesso do sistema de jeito nenhum está garantido. Como os serviços comerciais terão de pagar taxas pela utilização do Galileo, eles irão preferir o GPS, que é gratuito". Os fabricantes de equipamentos de navegação também reagem com cautela, visto que se especializaram em receptores GPS. Para eles, o Galileo não oferece vantagens em relação ao sistema norte-americano.

"Economicamente, portanto, o projeto é arriscado. Mesmo assim, a UE espera que a indústria cubra dois terços dos investimentos. Até agora, nenhuma empresa se comprometeu a embarcar nessa missão. Ainda não se sabe, se o Galileo algum dia irá decolar", conclui o Westdeutsche Allgemeine Zeitung.