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EUA e União Européia em rota de colisão

(ef)15 de agosto de 2002

A discussão sobre o Tribunal Penal Internacional voltou a inflamar. Os EUA e a União Européia trocam acusações e criam um dilema para os 10 países candidatos a integrar a UE.

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Colin Powell nega pressão dos EUA: não espancamos nem pressionamos os nossos amigosFoto: AP

Os Estados Unidos e a União Européia estão novamente em rota de colisão. O governo americano acusou a UE de jogo duplo na discussão sobre acordos bilaterais para impedir que soldados americanos em missão da ONU sejam extraditados para a corte recém-criada para julgar, em Haia, genocídio e crimes contra a humanidade.

O Departamento de Estado americano alega que primeiro a UE teria estimulado, na ONU, os países-membros a firmarem acordos bilaterais que evitassem extradição de soldados americanos em missão internacional. E agora Bruxelas exige que os candidatos aguardem uma posição conjunta dos 15 países-membros antes de decidir se assinam um acordo bilateral com os EUA.

O governo do presidente George W. Bush protestou contra a exigência de Bruxelas. Em sentido contrário e com a arrogância de única superpotência que restou depois do colapso da União Soviética, os EUA exigem a assinatura do acordo, com o seguinte lema: vocês podem ter o tribunal internacional de vocês, mas ele não pode julgar americanos.

Pressão e interesses

Washington ameaça com redução de ajuda militar e outros auxílios, a fim de minar o trabalho do TPI. E já alcançou algum sucesso. Dois países assinaram o tratado – Israel e Romênia. Os motivos de Israel não foram só interesses financeiros e solidariedade com o seu maior aliado e protetor, mas também o temor de que israelenses venham a ser julgados em Haia por crimes cometidos nos territórios ocupados. A Romênia precisa de ajuda financeira e apoio político-militar. Outro países, como Iugoslávia, Croácia e Eslovênia, rejeitaram explicitamente uma colaboração para garantir imunidade a soldados americanos.

O secretário americano responsável pelo controle de armamento e segurança internacional, John Bolton, negou, todavia, que os EUA estejam fazendo pressão à base da política morde e sopra. O secretário de Estado americano, Colin Powell, foi ainda mais taxativo: "Não estamos espancando nem ameaçando os nossos amigos".

Dilema dos candidatos

A situação é complicada para os países ansiosos por ingressar na UE. Eles estão diante de um dilema. De um lado querem fazer parte de um consenso na política externa com a UE, mas de outro também querem pertencer à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), dominada pelos Estados Unidos, e têm de tomar uma decisão: a unidade européia é mais poderosa do que a aliança transatlântica?

Como ainda é remota a sua integração à UE, a Romênia já decidiu ficar do lado da superpotência americana contra o Tribunal Penal Internacional, na esperança de receber apoio dos poderosos na cúpula sobre a ampliação da OTAN, em novembro, em Praga.

Como ainda não está decidido quais países e como serão aceitos na aliança militar, os EUA estão tentando tirar proveito dos interesses dos candidatos. Os americanos não fazem segredo de sua intenção de mostrar em Praga que nada funciona sem eles.

Na contenda internacional por causa do TPI, isso ficou evidente em meados de julho, quando o Conselho de Segurança da ONU em Nova York só conseguiu prolongar o mandato da tropa internacional de proteção na Bósnia depois que os 15 membros garantiram imunidade de um ano para soldados americanos.

Poderia ter sido pior, se não fosse a resistência da UE, pois inicialmente os EUA exigiram impunidade perpétua, sob a ameaça de vetar uma prorrogação da tropa de paz na ex-república iugoslava.