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EUA pedem mais apoio da Europa à luta antiterror

Estelina Farias23 de maio de 2002

O presidente dos EUA, George W. Bush, conclamou a Europa e a Rússia para a luta comum contra o terrorismo, no discurso histórico no Parlamento em Berlim (Bundestag), nesta quinta-feira (23).

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George W. Bush discursa no Parlamento em BerlimFoto: AP

"Depois de 11 de setembro a humanidade está diante de uma força agressiva gigante que leva as pessoas à morte", disse o presidente americano, no pronunciamento aguardado com grande expectativa. Bush foi muito aplaudido no discurso de meia hora, com o qual tentou angariar mais apoio também para a sua linha dura contra o Iraque.

"Nossa reação será equilibrada, clara e direcionada", continuou o presidente americano, acrescentando em referência ao país de Saddam Hussein: "Detentores do poder que tentam conseguir todas as armas possíveis de destruição em massa são um perigo para todos nós. Podem chamá-los de desafio estratégico ou eixo do mal, mas me deixem chamar a verdade pelo nome."

Pouco antes, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, disse em entrevista conjunta com Bush que os EUA ainda não têm planos concretos para um ataque militar contra o Iraque.

Com vistas à assinatura de um acordo para redução de quase dois terços das ogivas nucleares dos EUA e da Rússia, Bush anunciou, no Bundestag, uma nova parceria entre os Estados Unidos, a Rússia e a Europa. Após o discurso, ele encontrou-se com os líderes dos partidos alemães representados no Parlamento e voou a seguir para Moscou.

No plenário alemão quase lotado, o presidente americano disse que tem de ser feito tudo por um mundo mais seguro e melhor. O inimigos da liberdade têm de ser combatidos duramente, segundo ele. Sem citar o Iraque pelo nome, Bush procurou mostrar o perigo que o país do ditador Saddam Hussein representaria também para Europa.

Bush justificou a luta contra o terrorismo com a tentativa de alguns Estados de obter armas de destruição em massa. Ele não excluiu medidas militares como represália, mas também admitiu que aposta em esforços diplomáticos e que têm de ser aproveitadas as possibilidades financeiras.

"Nós temos que agir contra essa conspiração", declarou Bush, aduzindo que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está diante dessa ameaça e que os aliados têm de estar em condição de reagir. "América e Europa precisam uma da outra para ganhar a luta contra o terror global", afirmou.

O presidente americano elogiou e agradeceu, repetidas vezes, o engajamento do chanceler federal alemão, Schröder, no Afeganistão. Sobre os terroristas islâmicos da organização Al Qaeda, de Osama Bin Laden, que o país asiático abrigou e por isso sofreu retaliações militares dos EUA, Bush afirmou: "Ele odeiam a democracia e a tolerância, a liberdade de expressão, as mulheres, judeus, cristãos e também os muçulmanos que não compartilham as suas opiniões."

Sem banho de multidão

– Ao contrário do seu antecessor Bill Clinton, Bush não pôde cumprimentar populares na rua. O povo de Berlim costuma ser muito caloroso com os presidentes americanos, mas Bush ficou totalmente isolado por 10 mil policiais provenientes de toda a Alemanha e 600 agentes americanos que vieram para garantir a segurança do presidente Bush, sua mulher Laura e a filha Jenna. O rigor da segurança sem precedente é uma conseqüência dos atentados que destruíram o World Trade Center e parte do Pentágono.

No plenário, alguns deputados do partido neocomunista PDS estorvaram o discurso de Bush por alguns instantes. Eles hastearam uma faixa com a frase: "Mr. Bush + Mr. Schröder: stop your wars" (Parem com suas guerras). Funcionários do Bundestag tomaram a faixa. Depois de discursar, Bush encontrou-se com os líderes dos partidos. O do PDS, Roland Claus, pediu desculpa pelo incidente.