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Europa deve aceitar Wolfowitz

(rr)30 de março de 2005

Em encontro com ministros da UE, o controverso candidato dos EUA à chefia do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, garantiu imparcialidade em relação à política americana. A UE, por sua vez, quer maior influência internacional.

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Política do 'toma lá, dá cá': Wolfowitz responde às perguntas dos europeusFoto: AP

Um dia antes de sua eleição oficial, o candidato americano à presidência do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, se apresentou aos governantes europeus da instituição, em sua maioria ministros das Finanças, e prometeu não alterar sua postura multilateral e internacional.

O presidente do Conselho da UE, Jean-Claude Juncker, já apresentou o atual vice-secretário de Defesa dos Estados Unidos e um dos principais defensores da guerra do Iraque como "futuro presidente do Banco Mundial".

Mas sua nomeação pelo presidente Bush havia sido criticada em diversas nações da Europa, que temiam que Wolfowitz – representante de um unilateralismo neoconservador – pudesse se tornar um instrumento dos EUA para interferir nas atividades do Banco Mundial.

O número 2 do Pentágono mostrou compreensão pelas críticas: "Entendo que eu seja – para expressar-me de forma amena – uma pessoa controversa", disse. "Mas espero que as pessoas percebam, quando me conhecerem melhor, que acredito profundamente na tarefa do banco. Ajudar pessoas que vivem na pobreza é uma tarefa nobre", disse.

Europa não deve se opor

Ao que parece, Wolfowitz poderá contar com o apoio dos europeus durante a votação que definirá o sucessor do atual presidente James Wolfensohn nesta quinta-feira (31/03) em Washington.

Heidemarie Wieczorek-Zeul
A ministra Heidemarie Wieczorek-ZeulFoto: AP

"Apresentamos nossas exigências e compromissos. Baseado nisso, creio que ele obterá o apoio europeu e também o alemão", afirmou a ministra alemã do Desenvolvimento e Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczorek-Zeul, após o encontro.

Antes disso, o chanceler federal Gerhard Schröder havia declarado que, mesmo que não haja "empolgação" na Europa quanto à candidatura de Wolfowitz, sua nomeação não seria impedida pela Alemanha. Ele acredita que as pessoas possam amadurecer em um cargo. Wieczorek-Zeul também: "Este é um novo começo para ele".

Maior influência européia

EU-Gipfel: Der luxemburgische Premierminister Jean Claude Juncker
O primeiro-ministro de Luxemburgo e presidente do Conselho Europeu, Jean-Claude JunckerFoto: AP

Durante o encontro, a Europa se empenhou em ampliar sua influência na política de desenvolvimento internacional. "Precisamos garantir que a Europa seja melhor representada na liderança do Banco Mundial", disse Juncker.

Quanto à exigência francesa de que fosse criado um cargo de vice-presidente do Banco Mundial a ser ocupado por um francês, Wolfowitz respondeu: "É muito importante que a liderança reflita o caráter multilateral da instituição. Ela precisa refletir o fato de que a Europa é o maior bloco de acionistas, mas também a variedade do banco. Por isso, buscarei os melhores talentos no mundo todo".

Wieczorek-Zeul alertou para o peso que a Europa representa no processo de tomada de decisões da instituição. "Com 30% das ações, os europeus possuem uma grande influência no Banco Mundial, sua estrutura e seu trabalho". Recentemente, diplomatas europeus em Bruxelas salientaram o desejo da Europa de que, após a aceitação de Wolfowitz, os Estados Unidos apóiem a candidatura do francês Pascal Lamy à presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Independentemente dos EUA

"Queremos reforçar a postura do Banco Mundial enquanto organização multilateral", esclareceu Wieczorek-Zeul a postura do europeus. "Queremos que o banco se oriente para a luta global contra a pobreza." Ela aprovou a garantia de Wolfowitz de que executará suas funções independentemente das intenções do governo dos EUA. "Tivemos a impressão de que ele compreendeu nossa mensagem."

Tradicionalmente, a presidência do Banco Mundial, ou Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento), é ocupada por um americano, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) é presidido por um europeu.

A liderança do banco, que disponibiliza créditos a longo prazo destinados a incentivar o progresso econômico e social, é composta por 24 diretores. Do total, 11 são europeus, sendo que sete provêm da União Européia. Os principais acionistas são os Estados Unidos (16%), seguidos por Japão (8%), Alemanha (4,5%), Grã-Bretanha e França (4,3% cada). Juntos, os países europeus possuem 30% do total de ações.