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Europa e mundo árabe discutem processo de paz

(rr)30 de novembro de 2004

No fórum anual Euromed, ministros da União Européia encontraram-se com representantes de países árabes, da Turquia, Israel e da Autoridade Palestina para discutir novos caminhos para o processo de paz no Oriente Médio.

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Fischer e seu colega palestino: 'Não importa o retorno do investimento, sim a estabilidade da região'Foto: AP

Após a morte do líder palestino Yasser Arafat e a poucas semanas das eleições de seu sucessor, a União Européia espera poder reanimar as negociações do processo de paz na região e ressuscitar o velho road map, que muitos julgavam falido.

Na cidade holandesa de Haia, ministros das Relações Exteriores dos 25 países do bloco e representantes de nove países mediterrâneos, bem como da Autoridade Palestina, encontraram-se no Euromed, um fórum anual de dois dias destinado a incentivar o contato entre europeus, árabes e israelenses, que chegou ao fim nesta terça-feira (30).

Objetivo do encontro é, segundo um diplomata europeu, "criar uma atmosfera que permita a comunicação". Na prática, entretanto, o diálogo entre as nações é acompanhado de dificuldades. Na edição anterior, Israel acusara a UE de tomar partido dos palestinos. Neste ano, o Euromed teve de ser transferido do Cairo para Haia, pois a Síria e o Líbano se recusaram a encontrar um ministro de Israel em solo egípcio.

Outro exemplo foi a recente criação de uma fundação de intercâmbio cultural. Após muita discussão, ficou decidido que o órgão será sediado em Alexandria, no Egito, e levará o nome da política sueca Anna Lindh, morta num atentado em setembro de 2003. Agora, diversos países árabes querem impedir a nomeação de um israelense para a vice-presidência do conselho.

Parcerias bem-sucedidas

Segundo o coordenador de Política Externa e de Segurança da UE, Javier Solana, o programa de parcerias com países mediterrâneos, estabelecido em 1995 em Barcelona, foi bem-sucedido, apesar do conflito no Oriente Médio. "Apesar das dificuldades ainda existentes, somos capazes de continuar cooperando para levar vantagens à região", disse. Diplomatas europeus asseguram que, quanto ao apoio a reformas políticas e econômicas, há um progresso lento, porém contínuo.

EU Nahostkonferenz in Den Haag Javier Solana
Javier Solana durante entrevista coletiva em HaiaFoto: AP

Após longa negociação, a União Européia e a Síria chegaram em outubro a um acordo de parceria. No contrato, que ainda precisa ser ratificado por ambos os lados, o governo em Damasco assumiu o compromisso de abrir mão de programas de desenvolvimento de armas de destruição em massa. A cláusula, que foi adicionada tardiamente ao contrato de parceria, ainda precisa ser negociada com alguns parceiros.

A reaproximação com a Líbia, no entanto, permanece incerta, ao menos enquanto cinco enfermeiras búlgaras continuarem detidas sob acusação de haver contaminado pacientes líbios com o vírus HIV. A UE exige a abertura de um novo processo ou a transferência das rés para a Bulgária. Atualmente, a Líbia participa como observadora da conferência.

Importância estratégica

Um dos objetivos a longo prazo é a criação de uma zona de livre comércio na região mediterrânea já em 2010, semelhante à já existente entre Argélia, Marrocos, Tunísia e Jordânia. Anualmente, a União Européia e o Banco Europeu de Investimento disponibilizam dois bilhões de euros para os setores de educação e cultura, bem como para programas de reforma e de intercâmbio universitário.

Segundo o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, trata-se de uma verba bem empregada do Líbano ao Marrocos, mesmo que não haja compensação. "A questão não é se há retorno suficiente. Estes são investimentos na estabilidade. A questão central para a segurança européia no século 21 é se o Mediterrâneo é um mar da cooperação ou do confronto. Isso é de extraordinária significância para todos nós, não apenas para nossos Estados limítrofes."

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Local da conferência em HaiaFoto: AP

Solana salienta que os Estados Unidos não foram os primeiros a descobrir a importância estratégica da região com sua iniciativa Wider Middle East. "Agora que outros percebem sua importância, é importante salientar que nós, europeus, viemos juntando experiência nos últimos dez anos em como lidar com outros países e chegar a acordos de cooperação econômica ou sobre questões de segurança."

A UE também rebateu críticas de que estivesse de tal forma ocupada com sua ampliação para o Leste, que acabaria se esquecendo do Sul, argumentando que todas as nações que cumpram os critérios estipulados podem tomar parte no mercado comum europeu.

Eleições: UE pede cooperação

Tema central do evento também foram as eleições para o sucessor de Yasser Arafat na presidência da Autoridade Palestina, marcadas para 9 de janeiro. O ministro holandês das Relações Exteriores, Bernard Bot, solicitou aos países da região que mostrassem disponibilidade para cooperar.

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Da esquerda para a direita: ministros das Relações Exteriores da Palestina, Holanda e IsraelFoto: AP

Seu colega israelense, Silvan Shalom, prometeu que seu governo se absterá de quaisquer obstáculos. Todo palestino deverá ter acesso às urnas. A participação de palestinos do leste de Jerusalém, entretanto, ainda é incerta. Além do mais, UE e Israel ainda não chegaram a um acordo quanto à cláusula que impede o desenvolvimento de armas de destruição em massa por Tel Aviv.

A União Européia contribuiu com 14 milhões de euros para a organização do evento. Entretanto, a austríaca Benita Ferrero-Waldner, comissária para Relações Exteriores e Política de Vizinhança da UE, disse que "não deveríamos ser os únicos" e pediu aos países árabes presentes que colaborem para o financiamento do encontro.