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Ex-chefe de polícia é condenado por massacre na Guatemala

20 de janeiro de 2015

Tribunal declara Pedro García Arredondo culpado pela morte de 37 manifestantes num incêndio na embaixada espanhola em 1980. Eles protestavam contra os assassinatos cometidos durante a guerra civil no país.

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Foto: picture-alliance/dpa

Um tribunal na Guatemala condenou nesta segunda-feira (19/01) o ex-chefe de polícia Pedro García Arredondo a 90 anos de prisão pelo assassinato de 37 pessoas há mais de três décadas, quando a embaixada da Espanha no país foi incendiada.

O tribunal declarou o ex-investigador do Sexto Comando da Polícia Nacional culpado por homicídio e crimes contra a humanidade por ordenar que oficiais impedissem que qualquer um deixasse o edifício da embaixada enquanto pegava fogo, em 1980.

Estudantes, índios, trabalhadores e camponeses haviam invadido o local para protestar contra os massacres cometidos durante a guerra civil da Guatemala, que durou de 1960 até 1996.

Arredondo, no entanto, só terá que servir 30 anos, porque esta era a pena máxima possível na época do crime. Ele havia declarado ser inocente das acusações.

A promotoria havia pedido uma pena de 1.240 anos, incluindo 30 anos para cada uma das 37 vítimas, mas o tribunal determinou 40 anos para as vítimas da embaixada e mais 50 pelo assassinato de dois estudantes universitários.

"A ordem era que todos morressem", afirmou a juíza Sara Yoc. Ela também concluiu que a explosão que provocou o incêndio na embaixada foi causada por um cilindro de gás levado ao local por um "agente próximo" de Arredondo. A defesa argumentara que o fogo foi causado por coquetéis molotov usados pelos manifestantes.

Antes do veredicto, manifestantes se reuniram em frente à corte gritando "assassino, assassino". Um grupo de indígenas realizou uma cerimônia maia, segurando flores e velas.

A detentora do Prêmio Nobel da Paz de 1992, Rigoberta Menchú, cujo pai Vicente Menchú estava entre os mortos, saudou a decisão. "Precisamos criar esperança e justiça, mesmo que apenas uma gota. Isso [o veredicto] mostra que podemos ir ao sistema de Justiça e trabalhar com ele", disse.

Aproximadamente 200 mil pessoas foram mortas ou desapareceram sem deixar vestígios durante a guerra civil na Guatemala, segundo um relatório de 1999 patrocinado pela ONU.

PV/afp/ap