1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ex-guarda de Auschwitz rompe silêncio e pede desculpas

29 de abril de 2016

Em julgamento na Alemanha, ex-integrante da tropa de elite SS rompe silêncio após 12 audiências e lamenta participação no Holocausto e na morte de inocentes. "Tenho vergonha por ter deixado a injustiça acontecer."

https://p.dw.com/p/1IfTQ
Reinhold Hanning é acusado de ser cúmplice na morte de ao menos 170 mil pessoas
Reinhold Hanning é acusado de ser cúmplice na morte de ao menos 170 mil pessoasFoto: picture-alliance/dpa/B. Thissen

O ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz Reinhold Hanning pediu desculpas às vítimas no tribunal durante seu julgamento nesta sexta-feira (29/04) na Alemanha. Com 94 anos e sentado numa cadeira de rodas na corte da cidade de Detmold, no nordeste do país, ele disse que se arrepende de ter sido parte de uma "organização criminosa" que matou tantas pessoas e causou tanto sofrimento.

"Tenho vergonha por ter deixado a injustiça acontecer conscientemente e por não ter feito nada para me opor a ela. Eu fiquei em silêncio por um longo tempo, fiquei em silêncio por toda a minha vida", afirmou Hanning, um ex-integrante da tropa de elite nazista SS. Ele é acusado de ser cúmplice no assassinato de ao menos 170 mil pessoas entre janeiro de 1943 e junho de 1944.

No julgamento iniciado em fevereiro, sobreviventes do Holocausto detalharam experiências horríveis e pediram ao acusado que rompesse o seu silêncio. Este é um dos últimos julgamento em tribunais alemães sobre a matança deliberada de judeus pelos nazistas. Após 12 audiências, cada uma limitada a duas horas devido à idade avançada do réu, Hanning rompeu seu silêncio.

Lendo com voz firme um pedaço de papel que retirou do bolso de seu terno, ele afirmou: "Quero dizer a vocês que lamento profundamente ter sido parte de uma organização criminosa que é responsável pela morte de muitas pessoas inocentes, pela destruição de incontáveis famílias, pela infelicidade, pelo tormento e sofrimento por parte das vítimas e seus parentes".

Pouco antes, o advogado fez um relato detalhado da visão do réu sobre a sua vida e seu tempo em Auschwitz. Na declaração, de 23 páginas, Hanning admitiu saber dos assassinatos no campo de extermínio localizado na Polônia. "Tentei reprimir esse período durante toda a minha vida. Auschwitz foi um pesadelo, e eu gostaria de nunca ter estado lá", dsse Hanning, segundo seu advogado.

Leon Schwarzbaum, sobrevivente do Holocausto de 95 anos, afirmou que aceita as desculpas, mas que não consegue perdoar Hanning.

FC/rtr/ap/dpa