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Ex-terrorista consegue emprego no Bundestag

19 de fevereiro de 2016

Presença de Christian Klar, antigo membro da organização extremista Fração do Exército Vermelho, gera desconforto no Parlamento alemão. Deputado defende que, após 26 anos na prisão, ele é um cidadão como qualquer outro.

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O deputado Albert Weiler, da CDU, levou para o Bundestag uma cópia de uma matéria sobre Klar e criticou o casoFoto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

Após 26 anos na prisão por uma série de crimes, entre eles assassinato, o ex-extremista de esquerda Christian Klar está trabalhando para um deputado do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) em Berlim, o que tem gerado desconforto entre alguns políticos, segundo noticia nesta sexta-feira (19/02) a imprensa alemã.

Klar, de 63 anos, liderou a segunda geração da Fração do Exército Vermelho (RAF, na sigla em alemão), uma organização terrorista que dizia combater o imperialismo e espalhou o medo pela Alemanha Ocidental com assassinatos, atentados a bomba e roubos a bancos.

Após passar o período entre 1982 e 2008 na prisão, Klar está trabalhando para o deputado do partido A Esquerda Dieter Dehm, como técnico de informática. Uma credencial permanente para entrar no Bundestag, porém, lhe foi negada.

Um porta-voz do Parlamento justificou a recusa em dar-lhe a credencial como questão de segurança. A União Social Cristã (CSU), partido membro da coalizão do governo da chanceler federal Angela Merkel, disse ser um "escândalo" considerar dar acesso ao parlamento a um ex-terrorista.

Nesta sexta-feira, o deputado Albert Weiler, da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel, levou para o palanque do Bundestag uma cópia de uma matéria do tabloide Bild sobre Klar e ironizou o caso.

Deutschland Hannover Dieter Dehm
O deputado Dieter Dehm, de A Esquerda, defendeu Klar: "Desde sua libertação, ele não fez nada de errado"Foto: picture-alliance/dpa/P. Steffen

"Este é um assassino condenado", disse Weiler, exibindo a foto do ex-terrorista no plenário. "Um inimigo da democracia não tem nada a fazer no coração da democracia."

Dehm defendeu Klar: "Ele é hoje um cidadão como qualquer outro. Ele cumpriu sua pena. E, desde sua libertação, não fez nada de errado".

Desde que a segurança do Bundestag negou a credencial, Dehm busca Klar diariamente na recepção – deputados têm o direito de receber convidados pessoais. "Ele trabalha apenas com a parte técnica, não tem nenhum acesso a conteúdo", argumentou o político.

A segunda geração da RAF, liderada por Klar e Brigitte Mohnhaupt, teve como principal objetivo tentar libertar os fundadores Andreas Baader e Ulrike Meinhof da prisão. Para isso, realizaram ações como o ataque à embaixada da Alemanha em Estocolmo, em 1975, o assassinato de um promotor federal e o sequestro e morte do empresário Hanns-Martin Schleyer.

Fundada em 1970, a RFA conseguiu se manter em atividade, com diferente gerações de membros, até 1998, quando divulgou um comunicado anunciando sua dissolução. No texto, os 26 terroristas da organização mortos ao longo de três décadas foram citados, mas nenhuma menção foi feita às vítimas. Ao todo, 34 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em atentados da RFA.

RPR/dpa/ots