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Executivos em estresse: quem ganha mais?

(am)16 de dezembro de 2003

Os diretores das 30 empresas do DAX, o índice da Bolsa de Frankfurt, ganharam em média salário de 1,25 milhão de euros no ano passado. Isto significou um aumento de 100 mil euros em relação à média de 2001.

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Executivos: mordomias e salários altosFoto: AP

Os maiores salários para diretores são pagos – naturalmente – pela maior empresa alemã. Na DaimlerChrysler, a renda dos executivos do primeiro time atingiu em 2002 uma média de 3,7 milhões de euros. E foi também na multinacional de Stuttgart que se registrou o aumento recorde de 130%. Mas isto não é tudo. Os diretores da DaimlerChrysler gozam ainda de facilidades para a aquisição de ações da empresa: uma mordomia comum a todos os diretores de grandes empresas.

Em segundo lugar na Alemanha estão os diretores do Deutsche Bank, o maior banco privado do país. A média de seus salários em 2002 foi superior a dois milhões de euros. Isto representou, contudo, uma redução de 30% em relação à média de 2001. O terceiro lugar é ocupado pelos executivos da Volkswagen (1,82 milhão de euros), seguidos pelos diretores da Schering (1,71 milhão) e da Deutsche Telekom (1,68 milhão).

No conglomerado químico BASF, a média dos salários dos diretores aumentou em mais de 40%, atingindo quase 1,5 milhão de euros em 2002. Os executivos com salários mais modestos são os da indústria de chips eletrônicos Infineon, que receberam em média 280 mil euros em 2002, apesar de um aumento de 37% em relação ao ano anterior.

Aumento desproporcional

Segundo a superintendente da Associação Alemã de Proteção aos Acionistas (DSW), Jella Benner-Heinacher, a situação dos salários e mordomias de executivos na Alemanha não constitui nenhum abuso. Em comparação internacional, eles estão em nível médio. Na França e na Holanda, por exemplo, os diretores das principais empresas negociadas nas bolsas de valores recebem em média um milhão de euros por ano. Já na Grã-Bretanha, na Suíça e nos Estados Unidos, os níveis salariais são bem mais altos que na Alemanha.

A DSW não critica os valores absolutos dos salários dos executivos, nem mesmo os exorbitantes aumentos percentuais. Para a representação dos acionistas, motivo de queixa é quando salários e mordomias dos diretores aumentam de forma desproporcional ao rendimento da empresa. É o caso, por exemplo, da BASF. Seus executivos tiveram aumento de mais de 40%, enquanto o lucro por ação da empresa caíra em cerca de 73% no mesmo período.

Visto por esse ângulo, o exemplo mais grave é o da Deutsche Telekom. Seus diretores tiveram um aumento de 6,07% em 2002 e receberam salário médio de 1,68 milhão de euros. Mas o lucro por ação da empresa caiu em 530%. Situação bem diferente vê-se na DaimlerChrysler: os diretores tiveram aumento de 130%, mas o lucro por ação subiu em 352%.

Reivindicações salariais

Independente da avaliação feita pela DSW, a divulgação dos aumentos salariais de diretores de grandes empresas causou certa indignação. A opinião pública alemã acostumou-se a ouvir uma lamentação infindável sobre os custos excessivos das empresas do país, o que seria o principal motivo da sua falta de competitividade no mercado internacional.

A lista dos grandes salários levou, por exemplo, o jornal Schwarzwälder Bote a comentar: "No ano passado, os salários de diretores aumentaram em média 90 mil euros. Isto é mais do que um empregado normal ganha durante um ano inteiro. Nesse caso não se pode falar de crise conjuntural, os salários sobem às alturas até mesmo quando as ações da empresa despencam. Visto desta forma, as reivindicações salariais de uns poucos pontos percentuais, pelas quais se tem de lutar duramente, soam como um escárnio."