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ConflitosOriente Médio

Explosão em hospital deixa centenas de mortos em Gaza

18 de outubro de 2023

Autoridades palestinas locais falam em até 500 mortos no Hospital Batista Al-Ahli, no centro da Cidade de Gaza. Israel nega ter lançado ataque e culpa foguete de grupo palestino por explosão.

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Pessoas choram e se desesperam devido a ataque mortal a hospital na Faixa de Gaza.
Foto: Abed Khaled/AP/picture alliance

Uma explosão nesta terça-feira (17/10) no Hospital Batista Al-Ahli, no centro da Cidade de Gaza, matou centenas de pessoas, segundo autoridades palestinas, que acusaram Israel de ter perpetrado um ataque aéreo ao local.

Militares israelenses, por sua vez, negaram ter realizado qualquer tipo de ataque e afirmaram que o incidente teria sido causado por um foguete lançado pelo grupo palestino Jihad Islâmica, que teria errado a trajetória.

O número exato de vítimas ainda é incerto. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo Hamas, até 500 pessoas podem ter morrido no ataque ao complexo hospitalar. Um responsável da defesa civil, por sua vez, disse à Al-Jazeera que mais de 300 pessoas morreram, sem contar as diversas que ainda devem estar sob os escombros.

Pouco depois de os palestinos divulgarem suas acusações, um porta-voz das Forças de Defesa disse inicialmente que os relatos de um possível ataque aéreo israelense ainda estavam sob análise: "Há muitos ataques aéreos, muitos foguetes falhos e muitas informações falsas do Hamas", disse o contra-almirante Daniel Hagari.

Mais tarde, os israelenses passaram a atribuir a responsabilidade da explosão a um foguete do grupo Jihad Islâmica, que assim como o Hamas também usa a Faixa de Gaza como base para ataques contra Israel.

Segundo as forças israelenses, interceptações telefônicas de conversas entre membros do Hamas reforçam a versão de que a explosão foi causada por um foguete palestino. Imagens do local mostram um estacionamento com carros queimados, mas não há sinal de uma cratera. Isso, segundo Israel, confirma que a explosão não foi causada por um míssil, que teria causado muito mais destruição do que um foguete.  

Em meio à troca de acusações, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, um rival do Hamas, declarou luto de três dias nos territórios palestinos.

Organizações se dizem "horrorizadas"

A Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou veementemente o episódio: "Apelamos à proteção imediata dos civis e aos cuidados de saúde, e à reversão das ordens de evacuação [da população civil do norte de Gaza, a pedido de Israel]", escreveu o diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na plataforma X, antigo Twitter.

A organização Médicos Sem Fronteiras disse estar "horrorizada" e descreveu o episódio como "absolutamente inaceitável".

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também disse estar horrorizado: "Os hospitais e as equipes médicas são protegidos pela lei humanitária internacional", publicou Guterres no X.

Líderes se manifestam

O episódio no Hospital Batista Al-Ahli, no centro da Cidade de Gaza, gerou ainda manifestações de líderes e organizações.

O porta-voz da Autoridade Nacional Palestina, Nabil Abu Rudeineh, classificou o episódio como "genocídio" e uma "catástrofe humanitária". Já o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, conceituou o ataque como um "crime horrível", dizendo que os países que apoiam Israel têm responsabilidade.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que o episódio foi "o mais recente exemplo entre os ataques de Israel, desprovidos de valores humanos básicos". Na plataforma X, Erdogan escreveu: "Apelo a toda a humanidade para que sejam tomadas medidas para cessar essa brutalidade sem precedentes em Gaza" – a Turquia estaria negociando a liberação dos reféns mantidos pelo Hamas.

Qatar, Jordânia e Irã também condenaram o episódio, com os iranianos dizendo em um comunicado que o suposto bombardeio atingiu "pessoas indefesas e desarmadas" e que o episódio se caracteriza como "um crime selvagem de guerra".

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que o episódiofoi "horrível e absolutamente inaceitável".

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que "nada pode justificar o ataque a civis" e pediu ajuda humanitária à região "sem demora".

Biden cancela viagem à Jordânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também se manifestou sobre o episódio. Ele disse estar "indignado e profundamente triste". Um funcionário do governo informou que o presidente americano "enviou suas mais profundas condolências pelas vidas inocentes perdidas na explosão do hospital em Gaza, e desejou uma rápida recuperação aos feridos".

Biden partiu na noite desta terça para o Oriente Médio, onde visitaria Israel e Jordânia, mas o segundo compromisso foi cancelado devido ao ataque ao hospital.

A Casa Branca emitiu um comunicado no qual afirma que o presidente não irá mais à Jordânia para se encontrar com autoridades do Oriente Médio nesta quarta-feira. Biden iria se reunir com o rei Abdullah, da Jordânia, o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Mais cedo, Abbas já havia cancelado o encontro devido ao bombardeio e informou que retornaria imediatamente à Ramallah, na Cisjordânia, sede do governo.

Dez dias de violência

Um novo capítulo sem precedentes do conflito entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas foi iniciado em 7 de outubro, quando terroristas perpetraram ataques e atrocidades contra a população israelense, massacrando mais de 1.400 pessoas e sequestrando mais de uma centena.

Em resposta à ofensiva do Hamas, Israel declarou guerra ao grupo no dia seguinte: intensos e incessantes bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, já mataram cerca de 3 mil pessoas, a maioria civis, sendo 940 crianças e 1.032 mulheres, segundo autoridades locais.

Forças israelenses também impuseram um "cerco total" ao enclave palestino, impedindo a entrada de água, comida, energia e combustível. A medida e os bombardeios israelenses levaram a uma "catástrofe humanitária sem precedentes" em Gaza, segundo descreveu a ONU.