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Renascendo das cinzas

Nick Amies (ak)14 de dezembro de 2007

A maioria das pessoas acha que sabe pelo menos alguma coisa sobre a história da Europa e da UE. Mas a primeira exposição do Museu da Europa, em Bruxelas, mostra quão superficiais podem ser estes conhecimentos.

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Museu coloca visitantes em contato com a história dos europeusFoto: Bild dem Europe Museum, Brussels

A viagem desde as ruínas da guerra na Europa até a junção dos Estados conhecida como União Européia (UE) é assunto freqüentemente explicado em termos políticos. Cada passo para longe da fumaça das cinzas é normalmente conhecido pelo nome de um tratado ou pelo local onde foi realizada uma importante conferência.

Quando se enfoca a história da Europa, mencionam-se seus líderes pioneiros, os fundadores da UE: Jean Monnet, Robert Schuman e Paul-Henri Spaak, entre outros.

O que é muitas vezes esquecido na trajetória deste continente é a lenta recuperação dos próprios europeus: o processo diário de sobrevivência em cada país durante o pós-guerra e os efeitos que os momentos de definição da história tiveram sobre os indivíduos. É isso que resgata a exposição "Esta é a nossa História", no centro de exposições Tour & Taxis, em Bruxelas.

Um lugar permanente de memória européia

Es ist unsere Geschichte – Ausstellung in Brüssel
Vestido de uma jovem vítima de Auschwitz, outro feito com faixas nazistas e um com bandeiras dos aliadosFoto: Europe Museum, Brussels

A exposição, que vai até 23 de março, é a primeira grande mostra do Museu da Europa de Bruxelas e vai constituir a base de uma exposição permanente quando o museu tiver uma sede própria.

"Esta exposição mostra que nós, europeus, temos uma história em comum", disse Elie Barnavi, diretor científico do museu. "É importante ter uma exibição como esta. Iremos manter muitos dos artefatos e comprar outros para formar a coleção permanente. A partir de um tema central, vamos realizar exposições temporárias enfocando diferentes aspectos da história européia, conforme fomos expandindo."

Há dez anos, a idéia do Museu da Europa ainda era apenas um pensamento coletivo nas mentes de um grupo de cientistas, historiadores e promotores culturais, dedicados à criação de um "lugar de memória" para a Europa.

"Temos agora o que nós gostamos de pensar como uma casa estruturada para a história da UE, onde podemos mostrar a Europa como uma civilização diversificada, mas única", explicou Barnavi, ex-embaixador de Israel na França e professor de História Moderna.

A atual exposição leva visitantes ao longo do caminho de reconstrução e reestruturação, seguindo os sinais de trânsito de acordos e contratos, mas de forma comovente enfatiza o aspecto humano através de uma coleção de artefatos doados por 80 museus de todo o continente.

Lembranças comoventes da garra européia

Es ist unsere Geschichte – Ausstellung in Brüssel
Os primeiros engenheiros a se encontrarem no túnel do Canal da Mancha fazem parte dos vídeos guias da mostraFoto: Europe Museum, Brussels

Os esforços para retornar à normalidade após a Segunda Guerra Mundial são representados por um vestido de menina, confeccionado com as bandeiras das Forças Aliadas. A luta pela liberdade, que continuou por muito tempo depois da guerra, é exemplificada através do diário ilustrado de um jovem húngaro durante a revolta anticomunista de 1956 em Budapeste.

Guiando os visitantes pela exposição, 27 pessoas — um de cada país-membro da União Européia — falam sobre suas experiências através de vídeos, contando pontos relevantes da própria história e de sua participação na história da Europa.

"Encontramos estas pessoas através de contatos internacionais e embaixadas," lembrou Barnavi. "Foi difícil, mas quando eles chegaram aqui, criaram uma energia tão boa... Foi muito emocionante trazer pessoas com experiências semelhantes de sofrimento, perda e esperança a um mesmo lugar e também ver como elas partilharam seus sentimentos, apesar das barreiras lingüísticas. Tornaram-se um grupo. E elas têm algumas histórias surpreendentes."

"Temos um polonês que esteve envolvido na assinatura do Acordo de Gdansk, que eventualmente libertou a Polônia do comunismo, um rapaz romeno que passou de estrela do hóquei no gelo a comissário europeu, além dos engenheiros, um francês e outro inglês, que foram os primeiros a se darem as mãos no ponto de encontro do túnel do Canal da Mancha."

Cada indivíduo contribuiu para a exposição com uma lembrança de seu tempo e de sua pátria.

Sons e sensações do passado

Es ist unsere Geschichte – Ausstellung in Brüssel
Da fome à próspera sociedade, a história da Europa continuaFoto: Europe Museum, Brussels

Enquanto as peças exibidas fornecem critérios para eventos definidos da Europa, a mostra em si é mais do que apenas uma apresentação de peças recolhidas do passado. Novas instalações e trabalhos artísticos representam modernas interpretações da história européia, enquanto exibições em áudio e vídeo somam-se à experiência, levando o visitante a recriar momentos no tempo.

"Um grande número de museus em toda a Europa tem evidências atuais e sólidas de sua história", constatou Barnavi. "Temos isso também, mas além disso nossos visitantes são convidados a ter experiências sensoriais."

"Por exemplo, em vez de pedaços do Muro de Berlim, nós temos uma sala escura onde podem ser ouvidos os gritos por liberdade, notícias veiculadas pelo rádio e até mesmo a destruição do muro. Queremos que os visitantes sejam transportados àquele tempo. Mesmo que não se entenda a língua, as emoções e os sons são universais".