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Ferrostaal pode ter subornado ex-ditador da Nigéria

(gh)22 de abril de 2002

Empresa alemã é acusada de haver transferido centenas de milhões de marcos para as contas dos Abacha, a fim de ganhar a licitação para construir fundição de alumínio.

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A Ferrostaal AG, subsidiária do grupo MAN, pode estar envolvida num dos maiores escândalos de corrupção da história econômica da África. Segundo o jornal Handelsblatt, a Promotoria Pública da cidade de Bochum (Renânia do Norte-Westfália) abriu inquérito para apurar denúncias de suposto pagamento de um suborno milionário pelo diretor-presidente da empresa alemã, Klaus von Menges, ao clã do ex-ditador Sani Abacha, da Nigéria.

O clã Abacha, que governou e saqueou a Nigéria de 1993 a 1998, é acusado de haver transferido bilhões de dólares para contas bancárias na Europa. Ele também teria enchido os bolsos com dinheiro alemão. A Ferrostaal teria repassado, através de Liechtenstein e da Suíça, centenas de milhões de marcos para a conta aberta por Mohamad Abacha (filho do ditador) na filial luxemburguesa do banco M.M. Warburg, de Hamburgo.

"Comissões" - Mohamad Abacha, tesoureiro da família, controlou também o projeto de construção da siderúrgica Aluminium Smelter Company of Nigeria (Alscon). A Ferrostal participa da realização do projeto megalomaníaco desde 1989. Até o ano 2000, os custos da obra explodiram, mas a Alscon até hoje não produz alumínio.

A Ferrostaal teria depositado dinheiro nas contas européias dos Abacha a pretexto de pagar "subfornecedores nigerianos". Há indícios, confirmados inclusive por autoridades suíças, de que, na verdade, a empresa alemã pagou um suborno milionário para poder construir a Alscon. O banco M.M. Warburg teria classificado os pagamentos como "comissões", que seriam praxe em obras do gênero.

O inquérito da Promotoria Pública de Bochum visa a descobrir até que ponto os diretores da Ferrostaal cometeram um crime do colarinho branco. O principal suspeito é Klaus von Menges, membro da diretoria há 26 anos e diretor-presidente da empresa desde 1993. Especialistas prevêem que as investigações podem demorar anos.